São Paulo, quinta-feira, 11 de julho de 1996
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Anemia afeta maioria dos bebês de SP

VANESSA DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Cerca de 54% das crianças com menos de 2 anos que frequentam unidades básicas de saúde no Estado de São Paulo têm anemia considerada média, enquanto 23,2% delas têm anemia considerada grave.
O levantamento, feito entre 1994 e 1995, foi apresentado ontem na 48ª Reunião Anual da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) por Suzana de Souza Queiroz, diretora da divisão de pesquisa do Centro de Referência da Saúde da Mulher, Nutrição, Alimentação e Desenvolvimento Infantil.
Segundo a pesquisadora, os dados são mais alarmantes quando se considera a média atual de aleitamento infantil: dois meses.
"No último levantamento, vimos coisas que jamais havíamos visto, como crianças que nunca haviam mamado no peito", disse.
Marco Antonio Torres, da Secretaria Estadual da Saúde, diz que o problema do aleitamento é "mais complexo do que se pensa".
Pré-natal
"O pré-natal não é feito adequadamente porque constatamos uma média entre 22% e 25% de gestantes anêmicas no Estado."
Além disso, diz, a "média de internação hospitalar é de dois dias, não dando tempo para a mãe ser estimulada ao aleitamento".
Segundo ele, a média de aleitamento atingiu um pico durante o governo de Franco Montoro: 4,5 meses. "Depois disso, só caiu."
Segundo os pesquisadores, o aleitamento adequado deveria ser feito até os 6 meses, quando o leite materno "garante os níveis de hemoglobina".
A hemoglobina, que contém ferro, é o pigmento vermelho do sangue responsável pelo transporte de oxigênio ao organismo.
Igual ao Norte
A pesquisadora afirmou que os níveis de anemia encontrados hoje no Estado de São Paulo são semelhantes aos encontrados nas regiões Norte e Nordeste do país.
Dados de 1987, por exemplo, apontam uma taxa de anemia de 60,5% em crianças pré-escolares.
"Mesmo no Rio Grande do Sul, considerado muitas vezes um exemplo na área de saúde, o índice em 1992 foi de 40% em crianças entre 0 e 71 meses", disse ela.
A pesquisadora apresentou também resultados de um estudo feito entre 1992 e 1993 com crianças menores de 2 anos de São Paulo.
"Levamos um susto ao constatar que regiões como a de Campinas tinham um índice de anemia de 68,1%, e regiões como as de Ribeirão Preto, 63,6%." "Índices como esses são inadmissíveis."

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