São Paulo, quinta-feira, 11 de julho de 1996
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Covas faz 'programa de auditório'

DA REPORTAGEM LOCAL

O governador Mário Covas dirigiu ontem uma reunião com 3.500 sem-teto em clima de programa de auditório.
Eles foram ao salão do Palácio dos Bandeirantes, onde Covas improvisou perguntas bem-humoradas a dois líderes dos manifestantes, que se sentaram à sua direita.
Os sem-teto foram reunidos pela Associação dos Trabalhadores Sem Terra de São Paulo, que faz questão de não ser confundida com o Movimento Sem Terra, ligado ao PT e que reúne trabalhadores rurais.
O governador levou para a reunião três secretários estaduais e Goro Hama, presidente da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado. Assim que ouviu Cleusa Ramos, presidente da associação, Covas começou a entrevistá-la. Ela respondia às perguntas sentada, falando num microfone sem fio.
"Me digam logo o que vocês querem, senão o japonês me embrulha", disse o governador, fazendo referência a Goro Hama, que se reunira com o movimento no dia 8 e não fez promessas que contentassem os manifestantes.
Cleusa Ramos respondeu no mesmo tom, provocando o presidente da CDHU. "Ajudar a gente sai baratinho, não é seu Goro?", disse Cleusa. Diante do silêncio acanhado de Hama, a platéia respondia animada: "éééééé....".
Covas determinou que a Eletropaulo fizesse um desconto de 60% no valor das instalações elétricas para as 7.500 famílias pertencentes ao movimento e foi aplaudido de pé.
Em seguida, perguntou a Eduardo Coelho, diretor da Eletropaulo, em quanto tempo a empresa poderia instalar luz elétrica para aquelas empresas, pedindo que ele determinasse um prazo. "Dizer que vai fazer com urgência não vale", cobrou Covas. Ficou determinado o prazo de três meses. Os manifestantes aplaudiram novamente.
O governador quis saber que tipo de apoio técnico a associação queria para construir casas. Quando Cleusa pediu seis arquitetos, o governador retrucou."Meu Deus, vocês vão construir uma Brasília?". Acabou cedendo cinco arquitetos, um engenheiro, um advogado e dez mestres-de-obra. Depois perguntou: "Estou inadimplente?". Os manifestantes responderam com um animado "não".
Satisfeita com as promessas, Cleusa Ramos perguntou aos sem-teto: "Valeu ou não valeu a pena votar nesse governador, gente?". A platéia respondeu afirmativamente, em coro.

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