São Paulo, quinta-feira, 11 de julho de 1996
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CPMF pode afetar os juros e as Bolsas

MILTON GAMEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

A aprovação da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) pela Câmara dos Deputados, ontem à noite, deve causar estragos nas Bolsas de Valores, prevêem os analistas de mercado.
Com o novo imposto, que resgata, de certo modo, o antigo IPMF, os juros devem subir um pouco e a inflação também será pressionada.
Em ambos os casos, o efeito seria negativo para as Bolsas, já que os custos financeiros maiores tendem a prejudicar os investimentos e os resultados das empresas.
Reagindo em parte pelos temores de que o imposto seria aprovado, a Bovespa fechou em baixa de 0,66%, com seu índice das ações mais negociadas sendo cotado a 64.447 pontos. A Bolsa do Rio caiu 1,60%, com 23.438 pontos (Isenn).
As baixas também foram causadas pela realização de lucros, já que as Bolsas haviam subido fortemente nos dias anteriores.
Mas a Telebrás, principal papel do mercado brasileiro, fechou em alta de 0,57%, a R$ 78,90 o lote de mil ações preferenciais. As ordinárias caíram 1,87%, para R$ 68,20.
Ambos os papéis responderam por um movimento de R$ 351,8 milhões e participaram com 74% do Ibovespa. Sinal de que o mercado continua apostando na valorização das ações da estatal de telefonia.
As subsidiárias também têm sua vez. A Telesp, considerada a melhor "filha" do sistema Telebrás, foi a quinta ação mais negociada no mercado à vista da Bovespa, com volume de R$ 9,6 milhões e fatia de 2% do índice.
No total, a Bolsa paulista girou, ontem, R$ 574,8 milhões. No Rio, o volume foi de R$ 52 milhões.
No mercado de dinheiro, os juros ficaram estáveis. No overnight, a taxa dos negócios com títulos públicos foi de 2,47%, com juro efetivo projetado em 1,92% ao mês. No mercado interbancário, a taxa-over foi de 2,47%, com efetivo de 1,91% neste mês.
A tendência de queda gradual dos juros deverá ser mantida nos próximos meses, mas as taxas deverão subir inicialmente, para compensar o renascido imposto sobre o cheque.
A CPMF será de 0,2% por transação. Pior para os CDBs (certificados de depósito bancário), que envolvem duas "mordidas" da CPMF -uma na aplicação e outra na renovação mensal.

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