São Paulo, quinta-feira, 11 de julho de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Pesquisadores estudam alternativas a drogas antivirais

JAIRO BOUER
DO ENVIADO ESPECIAL

Alguns "papas" da pesquisa em Aids têm dito em Vancouver que os esforços dos cientistas não devem se concentrar só no desenvolvimento de drogas antivirais.
Apesar dos resultados positivos alcançados pelos novos antivirais nos últimos meses (principalmente pelos inibidores da protease), os pesquisadores apontam problemas como efeitos colaterais, toxicidade, resistência do vírus e custo elevado como fatores limitantes dessa modalidade de tratamento.
Essa postura já havia sido manifestada no primeiro dia da reunião pelos dois pesquisadores mais conhecidos da Aids, Robert Gallo (Universidade de Maryland) e Luc Montagnier (Instituto Pasteur).
Estudos começam a ser "desenhados" para testar substâncias mais "naturais" que vão atuar diretamente no sistema imunológico e ativar mecanismos de defesa do próprio organismo.
Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos EUA, que estuda as citoquinas (substâncias produzidas normalmente pelas células do sistema imunológico) mostrou que algumas delas, como a interleucina-10, podem interromper a replicação do vírus.
Em estudo inédito, Fauci aplicou placebo ou interleucina-10 em algumas pessoas não-contaminadas pelo HIV. Em seguida, colheu células do sangue dessas pessoas e as colocou em contato com o vírus.
No tubo de ensaio, o vírus entrou sem dificuldade nas células das pessoas que receberam placebo e foi bloqueado por 48 horas nas células de quem tinha recebido a interleucina-10.
Jay Levi, outro membro da elite da pesquisa em Aids, da Universidade da Califórnia em San Francisco, falou da importância da pesquisa das quemoquinas -substâncias liberadas pelas células do sistema imunológico que, normalmente, servem como sinalizadores que "recrutam" células de defesa para o local de infecção.
Algumas quemoquinas parecem bloquear diretamente a entrada do vírus HIV nas células.
Levi disse que novas "avenidas" estão abertas para explorar o tratamento contra o HIV.
(JB)

Texto Anterior: Mães com HIV não devem amamentar
Próximo Texto: Novela 'erótico-sentimental' de Mitterrand é leiloada em Paris
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.