São Paulo, quinta-feira, 11 de julho de 1996 |
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SINAL AMARELO Um bom desempenho econômico não depende só de fatores objetivos, mas também de elementos psicológicos. Tanto é assim que os ingleses cunharam uma expressão para designar esse aspecto, o "feel good factor" ou o fator sentir-se bem. Se é assim, pode-se dizer que o fator predominante entre o empresariado industrial paulista é "feel bad". Pesquisa feita pela Fiesp mostra que o empresariado atualmente não se sente bem. O que é, de resto, fácil de entender: entre o primeiro e o segundo ano do Real, a situação geral da indústria piorou consideravelmente. Há muito mais empresas cujo faturamento, investimento e nível de emprego diminuíram do que companhias na situação inversa. A margem de lucro, então, estreitou-se para quase todos os pesquisados (1.158 indústrias grandes, médias e pequenas). São 80% os que dizem que sua margem de lucro caiu e apenas 5% os que afirmam que ela aumentou. Natural, portanto, o desconforto. Mas nem por isso menos inquietante. Ainda mais que, ao olhar para o futuro e não para o passado, o desconforto parece ser ainda maior. A maioria dos consultados crê que vão piorar os problemas sociais, a credibilidade do governo, a qualidade de vida, os problemas políticos e a atuação do Executivo e Legislativo. Só a inflação, o grande monstro das últimas décadas, é que está deixando de ser um tormento: apenas 9% dos empresários consultados acreditam que ela vai piorar contra 29% que esperam uma melhora e 54% que apostam em que ficará igual. É claro que uma pesquisa mede apenas sentimentos de um momento e não quer dizer que a realidade será exatamente como os pesquisados a vêem nesse instante específico. Mas é inegável que a pesquisa representa um sinal amarelo que o governo deveria levar em conta, sem utilizar o recorrente argumento de uma suposta "fracassomania". O empresariado tem incontáveis defeitos, mas, entre eles, certamente não figura o do gosto pelo fracasso. Texto Anterior: CPMF, MAU IMPOSTO Próximo Texto: É DE CHORAR Índice |
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