São Paulo, quinta-feira, 11 de julho de 1996
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Bem-vinda ao clube

CLÓVIS ROSSI

São Paulo - Cresce a corrente dos que localizam no baixo crescimento econômico predominante no mundo industrializado a causa de grande parte dos males contemporâneos.
O mais recente membro desse clube, ainda restrito, é a revista "Business Week", cuja capa é exatamente uma receita para a economia norte-americana crescer mais.
Antes, um parêntese: a revista publica um gráfico que desmente a tese de que os EUA, com sua economia mais aberta e desregulamentada, cresce mais do que, por exemplo, a Alemanha, com seus regulamentos e colchão social mais abrangente. No período 86/96, os EUA cresceram, na média anual, menos do que a Alemanha e o Japão.
A revista constata que o baixo crescimento (a média dos anos 90, nos EUA, foi de 1,9%) "agrava virtualmente todos os problemas econômicos e sociais".
Acrescenta que passar para 3% de crescimento ao ano, durante os próximos cinco anos , "produzirá US$ 3 mil extras em bens e serviços para cada adulto e criança".
"Business Week" alerta também para o fato de que alguns membros do Banco Central dos EUA e "um coro de vigilantes do mercado de títulos, ao estilo Cassandras, temem que qualquer tentativa de estimular o crescimento acima dessa faixa (2% a 2,5%) somente reacenderá a inflação".
É mais uma voz crítica ao que alguns economistas chamam de "paranóia antiinflacionária".
A revista anima-se a dar a sua receita para crescimento econômico acelerado sem inflação. É o óbvio: mais poupança interna e mais investimento. Como? Previsivelmente, para uma revista conservadora, via redução do déficit orçamentário, uma limpeza no sistema de impostos e a privatização da seguridade social.
Pode-se concordar ou não com o receituário, mas que o diagnóstico parece perfeito, vai ficando cada vez mais evidente.

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