São Paulo, sexta-feira, 12 de julho de 1996
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Jardins quer pagar extra a policiais

RICARDO FELTRIN
DA REPORTAGEM LOCAL

Os moradores dos Jardins (zona oeste) estão oferecendo dinheiro à Secretaria de Estado da Segurança Pública para consertar carros da PM e dar um complemento salarial aos policiais militares e civis que atuam naquela área da cidade.
Em troca, os moradores querem policiamento ostensivo: pelo menos 2.000 homens e 50 carros para fazer o policiamento do quadrilátero que vai da av. Paulista à av. Brasil e da av. Rebouças à Brigadeiro Luís Antônio.
A proposta de ajuda financeira à polícia foi feita pelo Conselho Comunitário de Cerqueira César e Jardins, entidade civil criada há dois anos (leia abaixo).
A vice-presidente do conselho, Regina Di Dio, diz que a oferta ao Estado, na verdade, é para formalizar uma espécie de parceria.
"Chega de pensar que o Estado é a grande mãe. A 'mãe' está sem dinheiro e nós, sem segurança. Não se pode parar em semáforos, que é assalto na certa", diz Di Dio, empresária, 61 anos.
'Cooperativa'
A idéia do conselho é criar uma cooperativa -sem vínculo empregatício- com todos os policiais que trabalham na região.
Através dessa cooperativa, os policiais receberiam o "adicional", de valor ainda indefinido.
Além da complementação salarial, o conselho vai oferecer equipamentos à polícia.
Rádios, computadores, fardas, botas e armas estão na lista de ofertas do conselho à secretaria.
"Queremos dar boas ferramentas de trabalho aos policiais", afirma a vice-presidente, que diz nunca ter sido assaltada.
Para obter recursos, o conselho sugere a cobrança de R$ 10 de cada apartamento ou casa e R$ 15 de cada imóvel comercial.
Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), cerca de 102 mil pessoas moram nos Jardins. A prefeitura não soube informar ontem o número de imóveis da região.
Polícia e secretaria
O comando da PM, através de sua diretoria de comunicação, informou que nenhum tipo de doação em dinheiro poderá ser aceita.
"É proibido que servidores aceitem doações, ainda que através de uma cooperativa. Seria crime", afirmou o coronel Elzio Nagale.
No entanto, Nagale disse que doações de equipamentos serão "benvindas".
Ele sugeriu ao Conselho Comunitário de Cerqueira César e Jardins a substituição da "complementação salarial" oferecida por cestas básicas, por exemplo.
O secretário estadual da Segurança Pública, José Afonso da Silva, se recusou a comentar a oferta dos moradores dos Jardins.

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