São Paulo, sábado, 13 de julho de 1996
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Copeiro diz que foi demitido por ter Aids

DA REPORTAGEM LOCAL

O copeiro Edilson Alves da Silva está pedindo indenização na Justiça porque diz ter sido demitido por ser portador do vírus da Aids.
Ele trabalhou na casa do empresário Leo Kryss de 94 até início deste ano e diz que o empresário o mandou embora por preconceito. Kryss nega a acusação.
Edilson descobriu que tinha o HIV em janeiro deste ano, quando ainda trabalhava na casa do empresário. Segundo ele, foi o próprio patrão quem pagou o exame.
Ele diz que foi orientado pelos patrões a fazer o exame ao perceber que tinha manchas no corpo. "Eles (Kryss e a mulher) mandaram o motorista me levar para fazer o teste."
Um mês após receber o resultado, Edilson diz que foi chamado pelo patrão e demitido. "Ele disse que tinha filhos e que por isso não podia ter pessoas com Aids trabalhando com ele. Aí eu falei que não estava doente, que só tinha o vírus, mas não teve jeito."
Segundo o copeiro, o empresário ainda teria dito para ele "não ficar falando disso (a doença) por aí, porque ele o ajudaria".
Edilson diz que, desde que foi demitido, passou a receber R$ 150 por mês. O salário dele como copeiro era de R$ 900,00 por mês.
Ele afirma que não sabe como contraiu o vírus. Segundo Edilson, os médicos disseram que ele está bem e não manifestou a doença. Ele gasta cerca de R$ 700 por mês com remédios. "Não tenho como pagar o tratamento."
Octavio Magano, professor-titular de direito do trabalho da USP, afirma que a Constituição dá liberdade ao empregador para demitir.
Há dois meses, no entanto, o presidente Fernando Henrique assinou decreto dando validade à Convenção 158 da OIT (Organização Internacional do Trabalho), que afirma que o empregador só pode demitir se estiver passando por alguma dificuldade ou se o empregado não cumprir suas funções. Segundo Magano, a validade do decreto é alvo de discussão.

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