São Paulo, sábado, 13 de julho de 1996
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EUA recuperam a história do cinema brasileiro

AMIR LABAKI
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Uma das instituições culturais mais nobres dos EUA, o Museu de Arte Moderna (MoMa) de Nova York prepara para o segundo semestre de 1997 a mais importante retrospectiva de cinema brasileiro já realizada naquele país.
Visando selecionar filmes e encontrar cineastas e críticos, desembarca no Brasil no dia 24 a coordenadora da mostra, Jytte Jensen, curadora-assistente do departamento de cinema do museu.
A primeira viagem de Jensen ao Brasil vai durar cerca de duas semanas. Ela vai visitar Brasília (dias 24 e 25), São Paulo (25 a 31), Rio (1º a 8 de agosto) e provavelmente Gramado (o festival abre no dia 9).
Ela falou com exclusividade à Folha por duas vezes nas últimas semanas, a primeira durante um almoço no MoMa e a segunda por telefone na última quarta-feira.
"A retrospectiva ainda não tem título definido", adiantou a curadora. "Cinema Novo and Beyond" (Cinema Novo e Depois) é o título provisório. Posso dizer que o foco é no depois. Quanto mais trabalho, mais forte o depois."
O ciclo deve ocupar durante três meses o auditório principal do museu. Cerca de cinquenta programas, entre longas e curtas-metragens, serão exibidos em cópias novas, legendadas em inglês.
O evento será financiado pelo MoMa, pelo governo e por empresas privadas brasileiras, "interessadas na relação EUA-Brasil". O orçamento gira em torno de US$ 500 mil.
O projeto é apresentar uma visão dos últimos trinta anos da produção cinematográfica brasileira. Tudo começou há dois anos, precedendo o novo impulso marcado pelo sucesso de filmes como "Carlota Joaquina" e "O Quatrilho".
Cinema Novo
"Em 1970 e 1972 o MoMa exibiu pioneiramente nos EUA programas do Cinema Novo", lembrou Jensen. "Tinhamos uma relação especial com o movimento. Há alguns anos surgiu a idéia de rever aqueles filmes, ver se a leitura mudou com o tempo, e sobretudo ver esse importante movimento cinematográfico mundial que influenciou o que veio depois."
O professor da ECA-USP Ismail Xavier e o crítico e presidente da RioFilme, José Carlos Avellar, estão trabalhando como curadores convidados. O embaixador oficioso do cinema brasileiro nos EUA, Fabiano Canosa, ex-programador de cinema do Public Theater de Nova York, também foi convidado para trabalhar na produção do evento. Canosa vai acompanhar a viagem de Jensen ao Brasil.
"O ciclo deve acontecer no outono ou no inverno do ano que vem" (primevera ou verão brasileiros), disse Jensen.
Um catálogo será editado para acompanhar a retrospectiva. O projeto editorial ainda não foi desenvolvido, mas Jensen pretende que sejam combinados na publicação ensaios breves de introdução histórica às diversas fases e escolas presentes na mostra e artigos especiais de cineastas. "Acharia interessante ter a palavra daqueles que fizeram mesmo os filmes."

LEIA MAIS sobre o festival na pág. 4-3

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