São Paulo, domingo, 14 de julho de 1996
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Eleitorado malufista aumenta em bases do PT

JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
DA REPORTAGEM LOCAL

Entre a disputa de 1988, quando foi derrotado por Erundina, e o 1º turno da eleição que venceu, em 1992, Paulo Maluf aumentou em 62% seu eleitorado paulistano. No mesmo período, o PT perdeu 17% de seus votos na cidade.
Essa alternância de movimentos não se deu por acaso. Nos quatro anos entre um pleito e outro, o atual prefeito investiu pesado para aumentar sua penetração em distritos amplamente dominados pelos petistas.
Maluf trabalhou regiões como a periferia da zona leste e alguns distritos da zona sul, onde havia tido as piores derrotas para Erundina.
Em alguns casos, como em Itaim Paulista (leste), conseguiu mais do que dobrar seu número de votos: cresceu 142% na disputa contra Eduardo Suplicy (PT). Em 1988, ele perdera para Erundina por 12 mil votos nessa zona eleitoral.
Não é à toa que seu candidato na eleição de outubro vem fazendo o mesmo roteiro. Celso Pitta tem priorizado as zonas leste e sul em sua campanha de rua.
Quando não está acompanhado do prefeito, o candidato do PPB limita-se a visitar casas de pessoas influentes na região. Para isso, conta com um aliado eletrônico: o computador de Maluf.
Segundo caciques do PPB, Maluf possui em sua famosa "memória" cerca de 10 mil nomes de cabos eleitorais espalhados por toda a cidade de São Paulo.
Os arquivos contêm ainda o nome do cônjuge, datas de aniversário e alguns detalhes importantes de serem lembrados na hora da conversa política.
Cartões de Paris
Oficialmente, Maluf nega a existência da máquina. Mas seus amigos contam que ele não abandona sua "memória" nem quando viaja ao exterior. É comum ele mandar cartões postais de Paris para seus cabos eleitorais.
Quando estava fora de cargos públicos, entre uma eleição e outra, o atual prefeito visitava regularmente essas pessoas e acabou conseguindo atraí-las para seu time de correligionários.
A lição Maluf aprendeu de Jânio Quadros. Não é por acaso que o mais tradicional reduto janista da cidade, a Vila Maria, foi uma das poucas zonas onde Maluf bateu Erundina em 1988.
Em 1992, a margem apertada do pleito anterior foi ampliada e muito: Maluf venceu Suplicy com 56% dos votos de diferença.
Tradicionalmente, o eleitorado malufista se concentrava nas regiões mais ricas, como Jardim Paulista e Indianópolis, e num cinturão de distritos de classe média, ao redor do centro da cidade.
São os casos da Vila Maria, Santa Ifigênia, Santana, Tatuapé e Móoca. Esse último é, de todos, o maior reduto malufista. Curiosamente, é o bairro onde nasceu o candidato tucano José Serra e onde até hoje vive sua família.
No 1º turno de 1992, Maluf conseguiu 59% dos votos válidos da Móoca. No 2º turno, continuou tendo lá seu melhor desempenho na capital e obteve 67% dos votos.
Novidade
A novidade, porém, aconteceu quilômetros adiante, ainda na zona leste. Maluf bateu Suplicy todos os distritos eleitorais onde havia sido derrotado por larga margem quatro anos antes por Erundina.
Em Sapopemba, por exemplo, o cacique do PPB amargara em 1988 uma derrota por 30 mil votos de diferença -Erundina teve 124% de seus votos. Contra Suplicy, já no 1º turno de 1992, conseguiu vencer com 8% de margem: um crescimento de 92%.
Para tentar repetir a façanha em 96, os malufistas apostam na TV.
Até agora, a estratégia de mídia consistiu em concentrar todas inserções publicitárias no último mês permitido pela legislação. Foi nesse período que Pitta aumentou em sete pontos percentuais sua intenção de voto.
A tática continua em agosto. Do dia 2 até a eleição, os malufistas pretendem inserir Pitta dez vezes por dia na TV.
(JRT)

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