São Paulo, domingo, 14 de julho de 1996
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Raça e origem não determinam voto

JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
DA REPORTAGEM LOCAL

Em relação à origem, ao menos da boca para fora, o eleitor paulistano demonstrou maior prevenção contra cariocas do que contra nordestinos: 23% a 12%.
O preconceito político declarado foi baixo também na questão de gênero: só 8% declararam ter preconceito contra a candidatura de uma mulher.
Quando o assunto é religião as resistências aumentam um pouco. Segundo o Datafolha, 26% dos entrevistados poderiam não votar num candidato se soubessem que ele é evangélico -20% com certeza não votariam.
Também um grau mais alto de preconceito pode enfrentar a opção sexual do candidato: 34% disseram que não votariam em alguém que soubessem ser homossexual. Entre eleitores de Francisco Rossi, essa taxa sobe a 40%.
Drogas
O único tabu que, pelas respostas dos paulistanos, poderia arruinar instantaneamente uma candidatura é a questão das drogas: 70% dos eleitores disseram que deixariam de votar em quem defendesse a legalização da maconha.
A pesquisa procurou cruzar algumas características dos candidatos com as opiniões de seus eleitores.
É curioso notar, por exemplo, que 17% dos eleitores de Celso Pitta (PPB) disseram que deixariam de votar em um candidato se soubessem que ele é carioca.
Se as respostas foram sinceras, o candidato de Maluf, que nasceu no Rio de Janeiro, corre o risco de perder 17% de seus votos.
Ainda entre os eleitores de Pitta, 1% afirmou que não votaria num candidato negro -como ele.
Outro dado da pesquisa confirma que a raça não é um fator preponderante na definição do voto.
O candidato do PPB tem tecnicamente as mesmas taxas de rejeição entre brancos, negros e pardos: 27%, 30% e 28%, respectivamente.
Se a raça não atrapalha, aparentemente também não ajuda. Pitta tem mais eleitores entre brancos (18%) do que entre negros (14%) e pardos (11%).
Os fatos determinantes na hora de escolher o candidato são a renda e a escolaridade.
O candidato do PPB tem mais intenções de voto entre os mais ricos do que entre os mais pobres, assim como entre os mais escolarizados em detrimento dos que só estudaram até o 1º grau.
Gênero
Entre os eleitores dos vários candidatos, os que demonstram maior preconceito contra votar em uma mulher são os de João Leiva, do PMDB: 16% afirmaram que certamente não votariam num candidato do sexo feminino.
O menor preconceito de gênero está entre os eleitores de Erundina: nenhum deixaria, com certeza, de votar numa mulher.
Outros 3% de eleitores de Erundina, por sua vez, disseram que não votariam em um candidato nordestino. A petista nasceu na Paraíba.
O preconceito contra nordestinos é maior entre os eleitores de Pitta: 11%.
Os eleitores que declararam preferência por Leiva são também os mais preconceituosos no que se refere à religião: 24% disseram que não votariam em um evangélico.
Essa pergunta revela que Rossi também corre o risco de perder eleitores se eles conhecerem um pouco mais de sua vida: 12% disseram que deixariam de votar num candidato evangélico.

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