São Paulo, domingo, 14 de julho de 1996
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'Comitê' argentino compete pelo Brasil

RODRIGO BERTOLOTTO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Argentina tornou-se o 27º Estado da Federação na delegação brasileira em Atlanta.
Fernando Meligeni representa o país no tênis, enquanto Sebastián Cuattrin compete na canoagem.
A nação vizinha fornece mais atletas olímpicos para o Brasil do que 11 Estados (Alagoas, Ceará, Piauí, Roraima e Espírito Santo têm 1 atleta; Tocantins, Amapá, Rondônia, Pará, Amazonas e Goiás não têm nenhum).
A subdelegação argentina ainda se iguala às comitivas acreana, sergipana e sul-mato-grossense.
Meligeni e Cuattrin têm ligações com o Brasil pelo mesmo motivo: tiveram de acompanhar as propostas de emprego dos pais.
Meligeni, aos 4 anos, atravessou a fronteira porque o pai, um fotógrafo publicitário, trocou Buenos Aires por São Paulo.
Já Cuattrin, aos 5 anos, foi na escolta paterna, que deixou a cidade de Rosario para ser professor de engenharia em uma faculdade de Governador Valadares (MG).
Os dois têm posturas diversas quanto à herança castelhana: Cuattrin nega, Meligeni assimila.
"Só continuo a falar espanhol porque ele é útil. De resto, sou todo brasileiro e até tenho uma certa rivalidade com os argentinos", afirma Cuattrin, que se naturalizou às vésperas da Olimpíada de Barcelona, em 1992.
"Misturo a garra argentina, que me faz sair todo sujo de quadra, ao lado brincalhão do brasileiro, que sorri na hora da decisão", diz Meligeni, que encerrou seu processo de naturalização em 91.
"Por isso, os argentinos me chamam de irresponsável, e os brasileiros, de cabeça dura", completa.
A divisão estrangeira sob o comando do Comitê Olímpico Brasileira é engrossada por três atletas.
Os típicos forasteiros são a nadadora Gabrielle Rose e o cavaleiro Rodrigo Pessoa.
Filha de mãe brasileira, a norte-americana Rose fala português com forte acento da cidade de Memphis (sul dos EUA).
Pessoa, um parisiense morador de Bruxelas (Bélgica), passa no máximo 15 dias por ano no Brasil (leia texto abaixo).
O quinto representante é o judoca Flávio Canto, nascido em Oxford, onde seu pai fez pós-graduação em física nuclear.
Canto viveu lá seus primeiros 20 meses de vida, depois voltou à Inglaterra duas vezes. "Oxford é linda, mas não gosto dos ingleses. Eles não suportam ver os outros se divertindo."
O subgrupo estrangeiro só é superado pelas legiões de oito unidades da Federação. Os paulistas vão em número de 80 (38 paulistanos).
São seguidos pelos representantes do Rio (40), Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná (15, cada), Minas Gerais (12), Distrito Federal e Bahia (9, cada).

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