São Paulo, domingo, 14 de julho de 1996
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Proagro; Brasil verdadeiro; Dúvidas; Solidariedade; Excesso de negativismo; Custos da psiquiatria; Detalhes reveladores; Ausência sentida

Proagro
"A propósito do artigo 'O acordo secreto (mais um) com os bancos', de Aloysio Biondi (4/7), julgamos oportuno trazer ao conhecimento dos leitores o que estabelece, em seu art. 2º, a resolução 2.294 do Conselho Monetário Nacional:
'O agente do Proagro faz jus à remuneração correspondente a 10% do adicional do programa, no âmbito do zoneamento agrícola, a partir da safra verão 96/97, para cobrir gastos operacionais'.
Além disso, de acordo com o art. 1º, inciso I, da mesma resolução, houve redução das alíquotas de adicional do Proagro para as operações de custeio que seguirem as recomendações técnicas referentes ao zoneamento agrícola implantado pelo Ministério da Agricultura e Abastecimento, conforme segue:
a) arroz e feijão: de 11,7% para 6,7%;
b) milho e soja: de 7% para 3,9%.
Assim sendo, ao tomar empréstimo para plantar arroz e feijão, ou milho e soja, nas áreas com zoneamento agrícola, o produtor irá pagar 6,7% e 3,9% respectivamente (e não 11,7% e 7%), cabendo ao agente financeiro do Proagro uma 'comissão de fiscalização' de 10% incidente sobre o valor do adicional, e não do 'empréstimo', como noticiado.
As decisões do Conselho Monetário Nacional são publicadas no 'Diário Oficial da União' e divulgadas por meio do Sistema de Informações do Banco Central (Sisbacen)."
Reynaldo Domingos Ferreira, assessor de imprensa do Banco Central do Brasil (Brasília, DF)

Resposta do jornalista Aloysio Biondi - A comissão de 10% sobre o valor total do crédito foi anunciada junto com o "pacote agrícola". O porta-voz do BC deveria saber que, inacreditavelmente, o governo FHC determinou que decisões do CMN e BC são "secretas", conforme portaria de setembro de 1995, denunciada por esta Folha.

Brasil verdadeiro
"A faca de cozinha que dissecou PC Farias sempre esteve lá no IML das Alagoas. Precisou do cadáver de PC para se tornar famosa e aparecer com destaque em cadeia nacional.
PC foi na verdade um mártir, um herói nacional. Primeiro mostrou ao Brasil como funciona a relação incestuosa entre a política e o poder.
Agora nos mostra na prática a que ponto chegou a falência dos Estados brasileiros.
Aguardo o aparecimento de um novo mártir, talvez um daqueles políticos fisiologistas, que venha a morrer como indigente nas filas dos hospitais brasileiros ou em uma das nossas muitas estradas esburacadas, mostrando-nos um pouco mais do Brasil verdadeiro."
Sérgio Carvalho (Salvador, BA)

Dúvidas
"Será que a arrecadação do novo imposto irá exclusivamente para a área da saúde, como pretende Jatene? Qual a garantia de que o dinheiro não servirá para cobrir outros buracos quando necessário?"
Marcos Roberto Burghi (São Caetano do Sul, SP)

Solidariedade
"Dá-lhe, Janio de Freitas. Gostei da resposta à carta do assessor de imprensa do ministro Malan publicada no 'Painel do Leitor' de 4/7.
Por que será que o ministro, por meio de sua assessoria, teve a preocupação de revidar as informações da coluna do Janio de Freitas e de justificar onde esteve e o que esteve fazendo enquanto não estava em seu gabinete em Brasília?
Era tanta a vontade de mostrar serviço que se defendeu até do que não foi acusado."
Vera Borges (São Paulo, SP)

Excesso de negativismo
"Alguns amigos já me haviam dito que a Folha estava se tornando um jornal de velhos ranzinzas por sua negatividade. A princípio não concordei, mas eles estavam certos.
Veja a reportagem 'Plano Real impede a ida de jogadores brasileiros ao exterior'. Será que o positivo é mandar jogadores ao exterior enquanto o futebol nacional fica cheio de meios-craques? Será que a mesma reportagem não poderia ser escrita como 'Plano Real mantém craques no país'?
Os títulos negativistas não ficam só no caderno de esportes. Num folhear de páginas é fácil encontrar o negativismo imperando, como por exemplo 'Governo paulista desafia FHC a fazer mais'. Ou 'Reativação virá, mas sem empregos'.
Precisamos ser um pouco mais como os nossos vizinhos da América do Norte, amar e valorizar este país e seus valores, olhar a vida com otimismo. O que o brasileiro mais necessita é positivismo."
Antonio José Marion (São José dos Campos, SP)

Custos da psiquiatria
"Na Folha de 7/7 o empresário Antonio Ermírio de Moraes escreve apreciando custos da hospitalização em psiquiatria e outras especialidades.
Conclui que alguma coisa deve estar errada para explicar maiores custos em psiquiatria comparados com outras especialidades. Hospitais psiquiátricos nível 4, conveniados com o SUS, recebem por paciente uma diária global de R$ 18,45.
Por isso devem oferecer alojamento, alimentação, todos os tipos de tratamentos necessários, equipe com médico, assistente social, psicólogo, terapeuta ocupacional, enfermeiro para cada 40 pacientes, além de todo o apoio indispensável para o funcionamento do hospital.
Por outro lado, nas demais especialidades, além da remuneração pela diária, há o pagamento dos procedimentos (exames, cirurgias, medicação, material ortopédico), o que possivelmente não foi computado nos cálculos.
O hospital psiquiátrico não pode ser considerado um mal em si. Ou alguém proporia, para a escola pública ruim, como solução o seu fechamento?"
Giordano Estevão, diretor clínico da Casa de Saúde Nossa Senhora do Caminho e chefe da Seção de Psicologia Médica do Serviço de Psiquiatria e Psicologia Médica do Hospital do Servidor Público, e Maria da Encarnação Rocha Baltazar, superiora provincial da Congregação das Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus (São Paulo, SP)

Detalhes reveladores
"Vendo as fotos do casal PC e namorada publicadas nos jornais, pergunto se não seria o caso de investigar junto às famílias dos mortos se PC costumava ir para a cama de relógio e a namorada dormir de sutiã."
Salvio Ferraz de Oliveira (São Paulo, SP)

Ausência sentida
"Escrevo para reclamar da ausência da coluna de Paulo Coelho.
Espero que retorne."
Maria Auxiliadora Leal (São Paulo, SP)

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