São Paulo, segunda-feira, 15 de julho de 1996
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RJ lidera incidência de casos de tuberculose

NOELLY RUSSO
DA REPORTAGEM LOCAL

O Rio de Janeiro é o Estado brasileiro que registra a maior incidência de casos de tuberculose. Segundo dados do Ministério da Saúde, há 126,8 doentes por 100 mil habitantes do Estado.
São Paulo é campeão em números absolutos: 18 mil casos -registrados em 94. A estimativa é que existam mais de 20 mil. A incidência de doentes é menor que no Rio, com 57,2 casos para cada 100 mil habitantes (veja quadro ao lado).
O Brasil tenta evitar que a tuberculose se torne uma epidemia, que, segundo a Organização Mundial da Saúde, pode ser mais devastadora que a Aids nos anos 80 e 90.
Desde 93, as mortes relacionadas à doença crescem em todo o mundo. No Brasil, acredita-se que o número de tuberculosos chegue a 100 mil casos hoje.
O número oficial de doentes divulgado pelo Ministério da Saúde é 80 mil e se refere a 94. Técnicos da área estimam que existam cerca de 20 mil casos não-diagnosticados.
As secretarias estaduais de saúde vêm montando programas específicos para combater a doença (leia texto nesta página).
Causas
As principais causas para o recrudescimento da doença são o aumento da população subnutrida ou mal alimentada, a Aids -que destrói o sistema imunológico de soropositivos- e a desmobilização de órgãos ligados à saúde.
O alto índice de abandono ao tratamento contribui. Na zona leste de São Paulo, por exemplo, região crítica da cidade, 40% dos doentes abandonam o tratamento.
"O tratamento dura, pelo menos, seis meses. No segundo mês, o paciente se sente bem e acredita estar curado. Aparece a recaída e o tratamento torna-se muito mais difícil", diz Jorge de Barros Afiune, 39, diretor do Instituto Clemente Ferreira, centro de referência para a doença em São Paulo.
A resistência do bacilo também é um obstáculo ao tratamento. "O bacilo se adapta aos medicamentos, e recaída pode significar ineficácia dos antibióticos", diz Vera Maria Neder Galesi, 47, da Divisão de Tuberculose da Vigilância Sanitária do Estado de São Paulo.
Em todo o mundo, acreditava-se que a tuberculose estava praticamente erradicada.
"Nos anos 80, a incidência da tuberculose era menor, porque ela foi combatida por duas décadas consecutivas. Quando se pensou que a tuberculose estava em extinção, ela reapareceu", diz Galesi.
"A tuberculose nunca deixou de existir. A pobreza e a Aids criaram condições favoráveis a seu crescimento", diz Afiune.
Segundo ele, até a década de 80, a incidência da doença caía 4% por ano no Brasil. "Entre 90 e 93, essa queda parou de acontecer. A partir de 93, os números cresceram."

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