São Paulo, terça-feira, 16 de julho de 1996
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Educação leva à transformação estrutural

CLÓVIS ROSSI
DO CONSELHO EDITORIAL

O relatório da ONU dá forte ênfase à educação como fator de crescimento econômico, a ponto de afirmar que "nenhum país consegue uma transformação estrutural da economia sem elevar os níveis de educação básica".
Parece uma platitude, mas vem acompanhada de um punhado de exemplos de como o investimento em educação transforma a economia e eleva o nível de desenvolvimento humano.
Exemplo de como a educação puxa o crescimento: Paquistão e Coréia (do Sul) tinham rendimentos idênticos em 1960, mas, no Paquistão, apenas 30% das crianças cursavam o primário, enquanto, na Coréia, eram 94%.
Consequência: o PIB coreano (soma das riquezas produzidas em um dado período) cresceu três vezes mais do que o do Paquistão nos 25 anos seguintes.
Exemplo de como o crescimento pode puxar a educação: Botsuana e Quênia partiram, em 1960, do mesmo patamar de PIB "per capita" e de gastos idênticos (9% do PIB) em educação e saúde.
Mas a economia de Botsuana, beneficiada pela mineração de diamantes, cresceu a 6,5% ao ano, contra apenas 1,6% do Quênia.
Em 92, Botsuana já gastava cinco vezes mais por pessoa, em saúde e educação, do que o Quênia. Em 93, o PIB "per capita" de Botsuana era o triplo do do Quênia.
Mas o grande exemplo de como a educação tende a induzir a um crescimento acelerado é o do Japão, um dos países que mais se desenvolveram após a Segunda Guerra.
Acima da média
O gasto público japonês com educação e saúde em 1990 era de US$ 2.208 por pessoa, sete vezes a média mundial (US$ 336). Além disso, o Japão estendia sua ênfase em educação para a pesquisa e o desenvolvimento e o treinamento de trabalhadores na indústria.
É essa, de resto, uma característica dos países da Ásia de rápido crescimento, a ponto de terem hoje 1,23 milhão de cientistas envolvidos em pesquisa e desenvolvimento, mais do que a Europa (1,1 milhão) e a América do Norte (900 mil).
(CR)

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