São Paulo, terça-feira, 16 de julho de 1996
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Exército de 40 mil seguranças clandestinos trabalha no Rio

Relatório conclui que homens atuam em empresa irregular

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

Um "exército" de 40 mil homens pratica de modo clandestino atividades de segurança na região metropolitana do Rio.
O total de seguranças "piratas" quase equivale à soma dos contingentes oficiais das polícias Civil e Militar do Estado do Rio (41 mil policiais).
A existência do "exército pirata" é revelada em relatório preparado pela Comissão de Segurança Pública da Assembléia Legislativa do Estado.
Baseado em informes de entidades representativas de categorias da área de segurança, como o Sindicato dos Vigilantes e a Associação de Cabos e Soldados da PM (Polícia Militar), o relatório informa existirem no Grande Rio 80 mil homens a serviço de empresas privadas de vigilância.
Metade desses 80 mil profissionais trabalha em firmas irregulares, algumas até sem nenhum registro formal de existência.
O levantamento da comissão da Assembléia em parceria com as entidades mostra ainda que 70% (28.700) dos 30 mil PMs exercem uma segunda atividade.
Esse emprego extra era, até o mês passado, autorizado por lei criada em 1994 pelo então governador Nilo Batista (PDT). A "lei do bico" foi revogada em junho. A aprovação do projeto de revogação do bico ocorreu em dezembro de 95.
A revogação não entrou em vigor imediatamente porque, em negociação entre a Comissão de Segurança, o governador Marcello Alencar (PSDB) e o secretário da Segurança, Nilton Cerqueira, fixou-se um prazo de seis meses para que o governo aumentasse os salários dos policiais e criasse um plano de cargos e salários.
Passado o prazo, não houve aumento nem a criação do plano.
No relatório da comissão, presidida pelo deputado Carlos Minc (PT), a secretaria diz que 90,2% dos policiais mortos a tiros de fevereiro de 95 a março deste ano estavam fora do horário de serviço.
"Os policiais que fazem bico têm mais de 80% a mais de chances de morrer que o policial que não faz. Ele está mais sujeito ao estresse, à exposição ao perigo e às péssimas condições de trabalho oferecidas pelo empregador", disse Minc.
O secretário Nilton Cerqueira não foi localizado pela Folha.

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