São Paulo, terça-feira, 16 de julho de 1996
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Joãosinho Trinta quer carnavalizar "O Guarani"

DANIELA ROCHA
DA REPORTAGEM LOCAL

Se só faltava a ópera, não falta mais. O carnavalesco Joãosinho Trinta quer carnavalizar "O Guarani", de Carlos Gomes, no ano das homenagens ao centenário de morte do compositor campineiro.
A ópera estreou em 1870, no Teatro Scala, de Milão. Carlos Gomes se baseou no livro homônimo de José de Alencar. A montagem "carnavalizada", com concepção cenográfica e direção de Trinta, excursionará a três países europeus: Hungria, Itália e Grécia.
Mas, antes, estreará no ginásio Nilson Nelson, em Brasília, no dia 7 de setembro, e em Paulínia (120 km a Noroeste de São Paulo), no dia 11 de outubro.
A megamontagem inclui 750 pessoas, orquestra Filarmônica da Romênia e regência do maestro Francesco La Vecchia, da Sinfônica de Roma. Leia a seguir trechos da entrevista de Trinta à Folha.
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Folha - Quando foi sua primeira experiência com ópera?
Joãosinho Trinta - Há uns 20 anos, no Teatro Municipal do Rio, eu remontei "O Guarani", que foi o início de minha experiência com a ópera. Muita gente estranha que eu, como carnavalesco, esteja fazendo ópera, mas é o contrário.
Comecei no Teatro Municipal em 1956. Fazia parte do corpo de baile, depois percorri várias etapas dentro do teatro, fazendo figurinos, cenografia, e montei algumas óperas. Fiquei no Municipal até 1974.
Folha - Qual a sua formação? Joãosinho - Sou diplomado como professor de dança clássica. Eu era bailarino do Municipal.
Folha - Sair da ópera e entrar no Carnaval foi um processo natural?
Joãosinho - Foi. Sempre observei que o desfile de uma escola de samba tem a mesma estrutura de uma ópera. No Carnaval, o corpo de baile são as passistas, e o coral, as alas. A proposta é a mesma: um espetáculo audiovisual.
Folha - A ópera será levada a outras cidades?
Joãosinho - Durante as negociações para trazer a orquestra da Romênia, tivemos contato com o ministro da Cultura da Hungria, e já está confirmado que nos apresentaremos lá em 97. "O Guarani" também vai ser montado na Ópera de Roma, onde haverá uma homenagem a Carlos Gomes, e também iremos à Grécia.
Folha - A estrutura da ópera é de um megaespetáculo?
Joãosinho - Sim. Em Brasília ela será encenada em um ginásio, e em Paulínia, em um Sambódromo. Estamos montando uma central cenográfica de óperas e de Carnaval em Brasília.
Folha - Qual a grande inovação da montagem?
Joãosinho - "O Guarani" sempre foi uma montagem muito realista, mas não tem nada a ver, porque tudo nela é romântico, começando pelo libreto, baseado no livro de José de Alencar.
A música é lírica, o tema é a fuga do século da razão, com a presença do herói e de castelo medieval. Vou exacerbar o aspecto romântico da obra.

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