São Paulo, quinta-feira, 18 de julho de 1996
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BNDES ajuda empresa do Bamerindus

GUSTAVO PATÚ
CARI RODRIGUES

GUSTAVO PATÚ; CARI RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Dívida de R$ 190 milhões da Inpacel deverá ser refinanciada; no curto prazo, persiste o problema de liquidez

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) vai refinanciar a dívida de R$ 190 milhões da Inpacel, fábrica de papel e celulose pertencente ao grupo Bamerindus.
A operação faz parte do programa de recuperação do Bamerindus, submetido na noite de anteontem ao Banco Central.
Segundo o diretor da holding que controla o Bamerindus, Marcos Jacobsen, a reestruturação compreende uma reforma patrimonial e a venda de ativos (bens ou créditos) -que já começou a ser negociada, disse ele.
No Rio, o diretor interino da área de crédito do BNDES, Isaac Zagury, disse que já se chegou a um "acordo prévio" para o refinanciamento. Segundo ele, o acordo está baseado na hipótese da venda do controle acionário da empresa.
Jacobsen avaliou que a renegociação da dívida da Inpacel permitirá à empresa, tida como um dos principais problemas do Bamerindus, se tornar rentável.
"A dívida total da Inpacel, que já chegou a R$ 800 milhões, hoje é de apenas R$ 360 milhões", disse.
Essa redução do débito foi conseguida com a venda das participações que o Bamerindus possuía em ex-estatais como Usiminas, CSN e Copesul.
Mesmo com a reforma patrimonial e o refinanciamento da dívida da Inpacel, o Bamerindus continua com problema de liquidez.
Fase 2
Segundo a Folha apurou, o banco tem recorrido a empréstimos diários de pelo menos R$ 1 bilhão junto à CEF (Caixa Econômica Federal) para cumprir seus compromissos diários.
Jacobsen não confirma nem desmente os números, mas não nega o problema de liquidez. Segundo ele, isso será resolvido com a venda de ativos -é a chamada fase 2 da reestruturação do banco.
Venda de ativos
O diretor da holding Bamerindus disse que há uma série de ativos a serem vendidos, mas não quis listá-los. "Isso iria estigmatizar os ativos", disse.
Ele confirmou a venda da carteira imobiliária, avaliada entre R$ 2,1 bilhões e R$ 2,5 bilhões, e dos créditos contra o FCVS (Fundo de Compensação das Variações Salariais, do Tesouro Nacional), de R$ 900 milhões.
Os principais bancos já venderam ao BC, com desconto, seus créditos contra o FCVS. "Por que só o Bamerindus não?", perguntou Jacobsen. (A venda fracassou porque o banco os contabilizava pelo valor integral. Se vendesse com desconto, teria prejuízo.)
"Sem Proer"
Entre as possibilidades descartadas ontem por Jacobsen estão a inclusão de novos sócios no banco, a venda de empresas do grupo e o dinheiro do Proer (programa de fusões bancárias).
"Não vai ter Proer porcaria nenhuma", disse. Nos últimos dias, a injeção de Proer no banco foi analisada pelo governo, mas condicionada ao afastamento do controlador, o senador José Eduardo de Andrade Vieira (PTB-PR).

Colaborou a Sucursal do Rio

LEIA MAIS sobre bancos nas págs. 2-4, 2-7, 2-8 e na coluna Luís Nassif

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