São Paulo, quinta-feira, 18 de julho de 1996
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Correntistas sacam aplicações

JACQUELINE LATTARI
DA REPORTAGEM LOCAL

As agências do Bamerindus registraram movimento normal ontem, apesar de alguns clientes terem sacado suas aplicações.
Na agência Pinheiros (zona oeste de São Paulo), o aposentado José Lamana Neto, 62, disse que sacou metade do dinheiro que tinha aplicado no Bamerindus. "Sou cliente há 35 anos, me sinto até sócio do Vieira (José Eduardo de Andrade Vieira, controlador do banco). Tinha todas as minhas aplicações neste banco."
Segundo Neto, a partir de agora o Bamerindus vai ficar com sua imagem deteriorada. "Isso prejudica o cliente. Se tiver de usar um cheque do Bamerindus em outro Estado, tenho certeza que será recebido com receio", disse.
Neto afirmou que nos últimos três meses foi possível observar a "deterioração" do banco. "Você só vê gente pobre depositando R$ 30 em poupança. A gente sente a imagem do banco se esborrachando."
Neto se disse perplexo com a situação do Bamerindus. "Nada justifica o estado a que o banco chegou, porque o Itaú e o Bradesco estão aí, firmes", disse.
Um gerente do Bamerindus, que pede para não ser identificado, disse que sua agência "sofreu algumas perdas", mas que isso é natural. Ele disse ainda que atendeu vários clientes preocupados com as notícias sobre o banco.
Fidelidade
Para a dona-de-casa Diva de Oliveira Mateus, 70, cliente há 17 anos, não há motivo para preocupação. "Vou manter meu dinheiro no banco. Se tiver de retirar, não poderei confiar em nenhum outro banco. Estão todos na mesma situação", afirmou Diva.
A auxiliar de lanchonete Virginia Santana Souza, 58, e o industrial Valdir Valiukenas, 40, também disseram que pretendem manter suas contas no Bamerindus. "Tenho cheque especial, e o banco até me ajuda quando não tenho dinheiro para pagar minhas contas", afirmou Virginia. "Não tenho receio algum", disse Valiukenas.
Na agência Higienópolis (região central), a advogada Alessandra Calabrese, 32, disse que não vai retirar suas aplicações do Bamerindus. "Escolher um banco hoje é como jogar na loteria. Quase todos estão em situação delicada. A não ser pela cobrança de tarifas, eles não têm de onde retirar dinheiro", afirmou a correntista. (JL)

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