São Paulo, quinta-feira, 18 de julho de 1996 |
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Clássico de Hitchcock ganha versão em três dimensões 'Leon', de Besson, também tem nova temporada em Paris LUIZ ANTÔNIO RYFF
"Disque M para Matar" ("Dial M for Murder"), de Alfred Hitchcock, a experiência do mestre do suspense em 3-D (três dimensões), foi levada às telas em uma versão convencional. "Léon", do francês Luc Besson, teve um quinto do filme podado porque a história de amor entre um assassino profissional de 40 anos e uma órfã de 12 anos chocou a platéia em uma sessão de teste nos EUA, antes do lançamento. Óculos Feita em 1954, "Disque M" é uma rara obra-prima em 3-D. Baseada em uma peça de teatro, filmada quase como uma peça de teatro, "Disque M" é a variação do tema "como matar sua esposa": da elaboração do crime perfeito à execução do assassinato com um inesperado acidente; da reconstituição errônea do assassinato, com um culpado inocente, à descoberta do plano original. Realizado como um exercício de estilo, "Disque M", diferentemente de seus congêneres, não usa o relevo só para dar sensação de profundidade, mas para aproximar objetos do espectador. Hitchcock concebeu o filme em 3-D. E apenas uma das cenas já justifica aqueles incômodos óculos utilizados durante as sessões. Quando Grace Kelly se debate em cima da escrivaninha, tentando escapar do homem contratado para matá-la, ela joga a mão para trás, na direção da platéia, como a pedir a ajuda do público. Em 3-D, a mão "salta" da tela, acentuando a dramaticidade da cena. Anterior ao cinema falado, a técnica 3-D conheceu o apogeu nos anos 50, época em que, só nos EUA, havia mais de 5.000 cinemas equipados para os filmes em 3-D. Mas sua febre durou pouco tempo. "Essa maravilha dura nove dias e eu cheguei no nono", ironizou Hitchcock. O princípio da "maravilha" é simples. Duas câmeras gêmeas gravam dois filmes, uma para o olho direito e outra para o esquerdo. Depois, dois projetores sincrônicos projetam na tela as imagens. Por enquanto, o filme está em cartaz apenas em Paris, onde foi exibido rapidamente em 1982, como um acepipe para cinéfilos. Inocência sexual É o mesmo caso de "Léon", filmado em 1994 por Luc Besson e atualmente exibido só em Paris, com os 25 minutos cortados. A história de amor entre Jean Renó (Léon) e Natalie Portman (Mathilde), a órfã a quem ele protege, foi cortada da versão exibida. A menina se enamora de Léon, que é "inocente sexualmente", e o seduz. Mesmo sem nada mais explícito -em imagens ou texto-, a idéia de um relacionamento amoroso entre os dois incomodou o público da sessão de teste. Suprimindo as cenas, o filme pulou de 19% para 31% entre aqueles que o consideraram excelente. E a distribuição nos EUA saltou de cem para mil salas. "Toda concessão é mensurável. Na vida, se você quer sair de férias, o que é preciso fazer? Trabalhar. É uma questão de pragmatismo", justificou Besson. Texto Anterior: Filme "Barb Wire" usa estética de HQ Próximo Texto: Paulistanos exportam sua fotografia Índice |
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