São Paulo, quinta-feira, 18 de julho de 1996
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Cafe Tacuba faz pop com jarana

PV
DA REDAÇÃO

Os integrantes da banda mexicana Cafe Tacuba -nome também de um restaurante centenário na parte velha da Cidade do México- começaram suas carreiras negando toda a tradição musical de seu país.
"Fazíamos covers de bandas como Smiths e The Cure nos anos 80", disse em entrevista por telefone à Folha o guitarrista Joselo Rangel. Hoje, Cafe Tacuba faz pop com forte acento mexicano. A banda usa instrumentos locais como a jarana -uma espécie de banjo de oito cordas-, e o vocalista Cosme busca agudos como um bem treinado mariachi.
Integrante de um grupo humanitário intitulado Serpente sobre Rodas, o Cafe tem feito shows pelo México para arrecadar alimentos para a população pobre. Mas, embora colaborando diretamente com Chiapas, os músicos evitam elogiar o líder zapatista Marcos.
A banda atingiu um confortável posto no cenário local. Vendeu cerca de 250 mil discos e já fez shows para 30 mil pessoas em Monterey, num festival universitário. Excursionou por quase todos os países da América do Sul. "Fomos muito bem recebidos no Chile, onde já vendemos 25 mil discos e participamos do festival de Vina Del Mar", disse Rangel.
Em "Re", o segundo disco do Cafe -disponível no Brasil- o ecletismo é evidente. Ao lado de guitarras distorcidas e velozes -há até uma faixa thrash-, aparecem rumbas, instrumentos acústicos estranhos e uma levada vocal muito própria de Cosme, que sobe de oitava com grande facilidade. Muitas letras tratam de romantismo sem afetação. O discurso político é metafórico, como em "El Fin de la Infancia". Uma criança de 500 anos pergunta: "Seremos capazes de bailar por nossa conta?".
O Cafe Tacuba manifestou grande desejo de vir ao Brasil. "Gosto muito de Gilberto Gil, Caetano Veloso e do disco 'Luz', de Djavan", disse o baixista Quique.
Produzido pelo argentino Gustavo Santaolalla, o Cafe agora tentam inserção no mercado americano. Em setembro faz shows em Los Angeles. A Europa ainda é um pouco distante. "Fomos ao festival de Montreux em 94 mas a impressão que tenho é que o público esperava algo mais folclórico", disse Quique.

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