São Paulo, quinta-feira, 18 de julho de 1996
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Cavenago vem destruir monumentos

Itália divulga seu artista

CELSO FIORAVANTE
DA REDAÇÃO

A Bienal Internacional de São Paulo tem mais um nome selecionado para a sua 23ª edição. O Instituto Italiano de Cultura divulgou o nome de Umberto Cavenago como seu representante.
Em entrevista à Folha, por telefone, o artista multimídia milanês revelou que pretende apresentar uma instalação em vídeo em que os espectadores poderão "desmaterializar" obras-de-arte dita artísticas, mas que na verdade, segundo ele, são "uma contínua celebração do poder reinante".
Embora não tenha seguido sua carreira inicial, Cavenago vê a arquitetura como um material indispensável para afrontar sua obra como projeto.
"Tenho uma relação mental com a obra. Afronto o trabalho por meio de uma série de desenhos que se desenvolvem e se modificam até chegar ao projeto executivo da obra", disse.
Foi assim com "Pattini a Rotelle" (1988), em que projetou uma série de patins em aço, com medidas entre 34 e 46. Os números estabeleciam uma ligação direta com o espectador. Os patins funcionavam como obras em movimento e como pedestais, sobre os quais o homem adquiria uma nova linha do horizonte, uma nova visão.
"Este trabalho não é tão distante daquele que vou realizar na Bienal. Todo o trabalho que realizei com metal é um trabalho que se baseia na anticelebração. Ou seja, meu trabalho não é um trabalho que, ao ser finalizado, tem monumentalidade. Minhas obras nunca são estáticas, definitivas no espaço."
Cavenago considera o tema da Bienal um "lugar-comum", que não motiva muita discussão.
"Meu trabalho vai ironizar o tema, ao propor a 'desmaterialização' em cenário urbanístico.".
O artista vai instalar nas paredes de uma sala telas de computador com imagens estáticas. Ao se aproximar das imagens, aparentemente imóveis, o espectador verá que alguns de seus elementos estão vibrando levemente, como se possuíssem um senso de provisório.
Tocando o monitor ou o mouse, pode-se desmaterializar o monumento. O que fica não é uma lacuna branca, mas algo que sempre existiu ali.

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