São Paulo, sexta-feira, 19 de julho de 1996
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Serra patina e FHC adia mudanças

FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O desempenho apenas regular de José Serra como candidato tucano à Prefeitura de São Paulo obrigou o governo a adiar para depois da eleição a definição sobre três itens da agenda política de Fernando Henrique Cardoso.
Por enquanto, a reforma ministerial, a eleição dos futuros presidente da Câmara e do Senado e a emenda constitucional da reeleição são assuntos sem encaminhamento efetivo do governo.
Uma garantia de vitória de Serra permitiria a FHC iniciar já a negociação desses temas -vitais nos dois anos finais da gestão tucana.
Com a reforma ministerial, FHC tentará eliminar o efeito de paralisia verificado até agora devido à falta de verbas em algumas áreas -como a social, por exemplo.
Os presidentes da Câmara e do Senado -que tomam posse no começo de 97 com mandato de dois anos- serão decisivos para ajudar a reeleição. Aprovada essa emenda, o presidente já governaria pensando em um segundo mandato.
Serra patina
A idéia dos tucanos era que José Serra pudesse garantir uma vitória folgada na eleição de São Paulo. Mas Serra patina nas pesquisas. Não consolida um segundo lugar.
Na visão tucana, ganhar a eleição em várias capitais e perder em São Paulo seria derrota acachapante. O contrário é um cenário considerado como vitória absoluta.
Quando Serra decidiu se candidatar, em junho, alguns tucanos chegaram a prever uma possível vitória já no primeiro turno.
Hoje, mais realista, o governo trabalha com vários cenários para a eleição de São Paulo.
Curiosamente, há previsão de vitória de Celso Pitta (PPB), Luiza Erundina (PT) e do próprio Serra.
Não se considera, pelo menos dentro do governo, a chance de Francisco Rossi (PDT) vencer.
Cenários
O cenário considerado mais desastroso pelo governo é a vitória de Pitta, candidato do prefeito Paulo Maluf -que teria fôlego para atrapalhar os planos políticos de FHC.
Um sucesso de Pitta jogaria Maluf imediatamente em campanha presidencial. Isso anteciparia em dois anos o debate sobre a sucessão, o que não interessa a FHC.
Maluf também poderia trabalhar contra a emenda da reeleição. E prejudicaria o trabalho que o governo tucano pretende fazer com a ajuda dos futuros presidentes da Câmara e do Senado.
Já com vitória de Serra, o governo poderia tentar uma composição com Maluf, a quem seria dada a opção de disputar o governo do Estado de São Paulo em troca de apoio à emenda da reeleição.

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