São Paulo, sábado, 20 de julho de 1996
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Governo é 'terceira onda' de desenvolvimento, diz FHC

DANIELA PINHEIRO
GABRIELA WOLTHERS

DANIELA PINHEIRO; GABRIELA WOLTHERS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Para presidente, capitais de longo prazo substituem os 'voláteis'

O presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou ontem que seu governo é a "terceira onda" do desenvolvimento brasileiro. Segundo ele, as "ondas" anteriores aconteceram nos anos 50 e 70.
A década de 50 foi marcada pelo governo Juscelino Kubitschek (1956-60), sempre citado por FHC como o presidente que inseriu o país na era industrial.
Na década de 70, ocorreu o chamado "milagre econômico" do regime militar, quando o país registrou seus maiores índices de crescimento, baseado numa política de incentivo às exportações, mas que não trouxe como consequência uma maior distribuição de renda.
Segundo FHC, a "terceira onda de desenvolvimento brasileiro" se deve, principalmente, a uma substituição do dinheiro que entra no país: dos "capitais voláteis" para capitais de longo prazo.
O conceito de "terceira onda" foi explorado pelo escritor norte-americano Alvin Tofler em um livro de mesmo nome.
Segundo o escritor, os processos de desenvolvimento da humanidade se dividem em três movimentos, que ele chama de "ondas": agrícola, industrial e a atual, direcionada para a informação.
O presidente discursou ontem durante solenidade, no Palácio do Planalto, ao sancionar projeto de lei que regulamenta a abertura do setor de telecomunicações.
Estavam presentes os ministros Sérgio Motta (Comunicações), Clóvis Carvalho (Casa Civil), Pedro Malan (Fazenda) e Gustavo Krause (Meio Ambiente e Recursos Hídricos) e os presidentes do Congresso, senador José Sarney (PMDB-AP), e da Câmara, Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA).
Divisão do bolo
A referência ao regime militar se estendeu também à máxima, atribuída ao ex-ministro Delfim Netto, segundo a qual o bolo da economia primeiro deveria crescer para depois ser distribuído.
A lembrança, no entanto, foi negativa. FHC disse que, em seu governo, "ninguém vai esperar que o bolo cresça para depois distribuir". Para ele, "à medida que o bolo vai crescendo, já está ocorrendo a distribuição, que terá de se intensificar".
O ministro Sérgio Motta também discursou. Afirmou que, no ramo das telecomunicações, o Brasil deveria ser o "G-8", numa referência ao G-7 -o grupo dos sete países mais ricos do planeta.
"O Brasil tem uma posição geoestratégica fundamental, que leva o país ao mesmo patamar das nações mais desenvolvidas do mundo", disse Motta.
O ministro afirmou que o "busílis" -ponto central- da abertura do setor é a criação do órgão regulador, cujo projeto deve ser enviado ao Congresso em setembro.
"Sem uma regulação absolutamente precisa sobre a questão, que torne o órgão regulador realmente independente de circunstâncias políticas, não atingiremos o que o presidente tem chamado de Estado desprivatizado", afirmou.
Segundo Motta, a abertura da telefonia celular ao capital privado irá gerar 500 mil novos empregos nos próximos cinco anos.
Motta disse que em dezembro de 1997 terá início a operação das novas empresas de telefonia celular.
Segundo ele, os preços de telefone celular deverão cair. "A empresa que oferecer preço menor nas tarifas ganha a concorrência."
As empresas privadas que vencerem as licitações devem investir R$ 5 bilhões em cinco anos e instalar 5 milhões de terminais celulares.
"A venda das concessões deverá gerar R$ 1 bilhão para o governo", disse o ministro, que prevê investimentos em telecomunicações de R$ 40 bilhões até 1999 e de R$ 75 bilhões até o ano 2003.

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