São Paulo, sábado, 20 de julho de 1996
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Ação quer que SP pague droga anti-HIV

LUCIA MARTINS
DA REPORTAGEM LOCAL

Entidades de defesa de portadores do vírus da Aids entraram ontem com representação no Ministério Público exigindo que o governo do Estado de São Paulo garanta o fornecimento de drogas de última geração.
Hoje, os hospitais do SUS (Sistema Único de Saúde) não fornecem esses medicamentos.
Os novos remédios, chamados de inibidores de protease, interferem na multiplicação do vírus na última fase. Existem três marcas no mercado: indinavir, saquinavir e ritonavir.
Misturados com outros medicamentos tradicionais anti-Aids -como o AZT, ddI, ddC, Lamivudina (3TC)-, os inibidores de protease conseguem reduzir 90% da a quantidade de HIV no sangue do soropositivo, pelo menos no início do tratamento.
O procurador-geral da Justiça em exercício, René Pereira de Carvalho, disse ontem à Folha que é grande a possibilidade de o MP entrar com uma ação civil pública na Justiça exigindo que o Estado compre os novos medicamentos.
"Vamos estudar qual é a melhor maneira de entrar com essa ação. Esse é um assunto muito importante, e achamos que a ação é cabível", afirmou Carvalho.
Para fornecer o "coquetel" de drogas em pacientes de São Paulo, o governo terá que gastar cerca de R$ 63,5 milhões. O Ministério da Saúde estima que, até o fim de 1996, o Estado de São Paulo terá 12 mil doentes de Aids.
O Ministério da Saúde quer que os Estados se responsabilizem por 30% dos custos para a compra do kit de medicamentos antivirais que combate a Aids.
Isso significa que, dos R$ 117 milhões necessários para a compra de todos os remédios em todo o ano de 1997, os Estados entrariam com R$ 35,1 milhões.
A estimativa é de que haja 36,5 mil doentes de Aids no Brasil até dezembro de 1996.
Professora
No último dia 9, a professora Nair Soares Brito, portadora do vírus da Aids, conseguiu liminar obrigando o governo do Estado de São Paulo a fornecer a ela dois inibidores de protease, além dos medicamentos tradicionais.
O governo do Estado cumpriu a determinação judicial, mas está recorrendo da medida.
Santos
A única cidade que hoje fornece por conta própria o coquetel de antivirais para os doentes é Santos.
A Prefeitura de Santos gasta cerca de R$ 70 mil por mês com a compra dos inibidores de protease. Cerca de 200 doentes -eles são escolhidos pelo grau de gravidade- recebem as novas drogas. Há na cidade cerca de 1.400 portadores do vírus da Aids.

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