São Paulo, sábado, 20 de julho de 1996
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Problema mental ataca PMs do Pará

ESTANISLAU MARIA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM

Quase metade, 47% dos policiais militares reformados (aposentados por problemas de saúde) no Pará nos últimos cinco anos foram afastados por apresentarem problemas mentais.
No ano passado, 63% dos reformados foram aposentados por apresentarem neuroses ou psicoses diversas. Dos 134 afastados em 1995, 85 tiveram problemas psiquiátricos.
Os dados são resultado de pesquisa da Junta de Saúde da Polícia Militar do Pará e foram apresentados anteontem em Belém, no 11º Congresso da Associação Brasileira das Polícias Militares.
O coronel Joaquim Neves, integrante da junta, disse que o caso é preocupante. Segundo ele, o relatório vai servir de base para que o comando da PM acompanhe mais de perto o problema dos soldados.
"É possível que algum soldado que começa a apresentar tais problemas esteja hoje na ativa", disse o coronel.
Segundo o coronel Neves, em geral, os soldados afastados apresentaram perda de controle emocional, tendências depressivas ou agressivas, recusa ao trabalho, rebeldia e apatia.
"Acho muito difícil que isso aconteça porque os comandantes percebem a mudança de comportamento dos soldados. Temos ainda o trabalho de nossos psicólogos", disse o capitão Clodomir Alves Lima, que também integra a Junta de Saúde da PM do Pará.
Acompanhamento
O setor de psicologia da Polícia Militar do Pará vem aumentando o acompanhamento psicológico aos policiais, sobretudo em Belém.
Uma das primeiras medidas foi distribuir os 11 psicólogos pelos quartéis -10 na capital e 1 em Marabá. O efetivo total da PM é estimado em 12 mil soldados.
Os integrantes da junta médica apontam as más condições socioeconômicas dos soldados, associadas ao estresse da profissão, como as principais causas dos distúrbios psiquiátricos dos policiais.
"O soldado mora mal, come mal, ganha mal e convive com uma pressão diária incomum", disse o capitão Lima. O piso salarial dos soldados é R$ 199,99, chegando até R$ 342,47 para os cabos.
Outro fator apontado é a seleção deficiente. "O processo é muito rápido. Precisaríamos ter um banco de aspirantes mais bem selecionados para chamar em caso de novas contratações", disse Neves.

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