São Paulo, sábado, 20 de julho de 1996
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Para FBI, investigação de desastre é criminal

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

A polícia federal dos EUA (FBI) está tratando a explosão do vôo TWA 800 como "investigação criminal", mas diz não estar pronta "ainda" para considerá-la um atentado terrorista nem para assumir o comando das averiguações.
O diretor do FBI em Nova York, Jim Kallstrom, que comanda a equipe da polícia em East Morriches, a cidade próxima da qual caiu o avião, disse que não sabe quanto vai demorar "até se chegar ao fundo disso".
No caso do vôo Pan Am 103, em dezembro de 1988, os investigadores demoraram uma semana para determinar que o avião havia sido derrubado por uma bomba. Mas, naquele caso, o Boeing-747 caíra sobre terra, na Escócia.
No mar, a recuperação de destroços é mais difícil. Ontem, por exemplo, ventos e chuva impediram o trabalho de mergulhadores que esperavam retirar de cerca de 15 metros abaixo do nível do mar as caixas-pretas do avião.
Duas redes de televisão, CNN e CBS, disseram ontem ter tido informações de que a análise inicial das peças de fuselagem resgatadas do mar já dá ao FBI certeza quase absoluta de que o Jumbo foi derrubado por um explosivo.
As emissoras afirmaram que o anúncio oficial poderia ser feito neste fim-de-semana. Mas o diretor-geral do FBI, Louis Freeh, em depoimento a congressistas, repetiu que a hipótese de acidente ainda não foi descartada.
Declarações do médico legista que está examinando os corpos resgatados impõe alguma cautela à conclusão de que houve um atentado. Segundo Charles Wetli, pelo menos algumas das vítimas morreram afogadas, embora elas pudessem já estar inconscientes quando o avião bateu no mar.
Wetli disse ainda que a maioria morreu com a "força maciça" da explosão. Poucos estavam queimados. Mas as autoridades também disseram a familiares das vítimas que alguns dos 120 corpos ainda no mar nunca serão achados.
Se forem resgatadas, as caixas-pretas (cor de laranja, de fato) poderão elucidar o caso. Elas guardam, além dos dados eletrônicos de altitude e posição do aparelho, fitas de áudio com tudo o que foi ouvido na cabine do comando nos últimos 30 minutos de vôo.
Segundo técnicos, o barulho de uma explosão de bomba é muito peculiar. Mesmo que as caixas não apareçam, os destroços do avião podem esclarecer o mistério.
As bombas fazem com que a fuselagem se contorça de forma distinta e deixam vestígios detectáveis em análises químicas de estofamento, metal, tecido de roupa ou até de pele humana.
No caso do Pan Am 103, amostras retiradas do forro do compartimento de carga demonstraram a presença de explosivos plásticos.

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