São Paulo, sábado, 20 de julho de 1996
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OLIMPÍADA

Para o barão Pierre de Coubertin, o criador dos Jogos Olímpicos modernos, o amadorismo era um ideal a ser preservado a qualquer custo. Hoje, é mais do que óbvio, esse ideal está morto. Os Jogos Olímpicos tornaram-se um negócio multimilionário. O profissionalismo dos competidores é a regra geral.
Não há como não admirar o idealismo e a pureza que o barão desejava imprimir à competição, no mesmo espírito da Olimpíada grega que, além do caráter competitivo, possuía também um significado religioso.
É igualmente inegável que é praticamente impossível conter as forças do mercado. Se há audiência, há publicidade, há lucros. Isso é inexorável.
Mesmo do ponto de vista competitivo, tornou-se impossível evitar a invasão dos profissionais. Num esporte tão competitivo como o futebol ou o basquete, por exemplo, exigir que apenas amadores participassem das provas tornaria as competições tão maçantes que a audiência seria quase nula, ou seja, não haveria lucros.
De resto, as "fraudes" ao amadorismo de Coubertin remontam já aos tempos da Guerra Fria. No bloco soviético, os atletas eram funcionários do Estado (como todos), embora passassem todo o seu tempo a treinar. Do lado americano, o competidor recebia uma bolsa de uma universidade qualquer e também se dedicava integralmente ao esporte.
É claro que é importante nutrir ideais, mas também é sábio reconhecer os fatos da realidade e adaptar-se a eles. A competitividade, no esporte e nos negócios, não respeita barreiras artificiais.

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