São Paulo, sábado, 20 de julho de 1996
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A ordem das coisas

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - É comum algum importante político em Brasília responder afirmativamente à seguinte pergunta: "O deputado Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA) será indicado para algum ministério quando sair da presidência da Câmara, no início de 97?".
A resposta afirmativa permite ao interlocutor acreditar que Luís Eduardo está cotado para embarcar na reforma ministerial programada para o final deste ano ou início do próximo. E é uma inferência correta.
Além disso, também é correto supor que integrantes do governo conversem muito sobre esses assuntos no dia-a-dia. Ou que fiquem especulando a respeito de qual ministro estaria para cair. No jargão político, isso é chamado de conchavo ou articulação.
O mais importante de tudo, entretanto, é que ninguém dá como certa nenhuma das especulações que estão sendo feitas hoje.
Há uma espécie de ordem quase imutável das coisas na política de Brasília. Alguns fatos inexoráveis não podem ser precedidos por outros. Uma dessas coisas inevitáveis são as eleições municipais de outubro.
O tempo que vai correr a partir deste mês até que sejam contados os votos de 3 de outubro será ocupado por muita conversa e pouca ação. É da natureza da política essa paralisação no período que antecede o momento mais caro da democracia, que é a eleição.
O presidente FHC sabe disso e estimula as discussões. Mas tomará todas as suas decisões, sejam elas quais forem, apenas depois de outubro. Tudo com base na nova composição de forças que emergirá das urnas.
Portanto, é improvável que alguém possa dizer hoje com segurança quem serão os presidentes da Câmara e do Senado no ano que vem. Ou quais serão as novas funções de Luís Eduardo e José Sarney.
Também não é possível cravar quando será votada a emenda da reeleição. Mas essa é uma equação difícil, que fica para amanhã, domingo, um dia para pensar no futuro.

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