São Paulo, domingo, 21 de julho de 1996
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Rádios piratas colocam aviões em risco

ROGERIO SCHLEGEL
DA REPORTAGEM LOCAL

As rádios comunitárias -ou piratas, porque consideradas irregulares- estão colocando em risco a segurança dos vôos que chegam e partem de Congonhas e Guarulhos, segundo a Aeronáutica.
Se localizadas próximo a aeroportos, elas são capazes de adulterar informações dos instrumentos do avião ou prejudicar a comunicação com a torre de controle.
"Pode haver acidentes sérios por causa disso", alerta o coronel Ney Cerqueira, chefe do Serviço Regional de Proteção ao Vôo. Já houve pelo menos uma situação crítica (leia texto abaixo).
Para a Aeronáutica, o período eleitoral torna o assunto especialmente preocupante, porque multiplica o número de rádios.
Erro na posição
Segundo o coronel, o maior problema é Guarulhos, onde se estima que haja perto de 400 rádios comunitárias próximas ao aeroporto.
Embora tenham baixa potência, usam frequências de FM que confundem o chamado indicador de curso de aproximação, sistema que mostra a posição do avião quando se aproxima da pista.
"Quando interferem, fazem o instrumento mostrar ao piloto que está 10 km ao norte de sua verdadeira posição", afirma Cerqueira.
"Em Cumbica, um piloto que esteja próximo da pista é levado a achar que está sobre a Serra da Cantareira."
O coronel diz que a interferência de rádios foi uma possibilidade analisada para explicar a queda do avião dos Mamonas Assassinas, mas foi descartada.
Os aviões modernos têm um sistema alternativo para auxiliar na aproximação, que pode ser usado se o tradicional for afetado por interferência. Ele tem menor precisão, segundo o coronel.
Em Congonhas, as rádios comunitárias às vezes interferem na comunicação entre o avião e o controle de terra. Podem interromper, por exemplo, a orientação para que um avião mantenha distância em relação a outro.
O alcance da onda dessas rádios é reduzido. Por isso, representam perigo se sua antena está perto da pista ou da rota de descida.
Cerqueira diz que as rádios são problema para a Aeronáutica há cinco anos, mas há seis meses passaram a mobilizar o ministério, devido a seu crescimento.
Junto com Ministério das Comunicações e a Polícia Federal, tem sido feita operação emergencial para localizar transmissores.
"Desde março, pegamos uns 300", diz. "Mas o número de agentes da PF e das Comunicações é limitado."

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