São Paulo, domingo, 21 de julho de 1996 |
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Homicídio lidera entre homens jovens
BETINA BERNARDES
O índice é o maior encontrado no levantamento feito pela Folha. Entre as mulheres, o percentual cai para 23,4% do total. Nessa faixa etária o número de óbitos entre os homens é 329% maior que entre mulheres. Os assassinatos também se mantêm como a principal causa mortis de homens entre 25 e 34 anos (38,38% do total). "O Estado tem uma certa responsabilidade nesse elevado número de homicídios porque não investiga, julga e pune os culpados pelos assassinatos", diz James Cavallaro, 33, diretor do escritório brasileiro da Human Rights Watch Americas. "A maior parte dos homicídios acontece com a utilização de armas de fogo, e a facilidade de acesso a esse tipo de armas certamente é um fator importante para os assasinatos", afirma Myriam Mesquita, 59. A socióloga, que é doutora em sociologia pela USP e estuda há 20 anos o fenômeno da violência, cita a banalização da violência urbana como outro fator de influência. "Os atos violentos vêm sendo encarados como um fenômeno natural pela população e pelas autoridades, o que acaba legitimando esses atos." A impunidade também é apontada por Mesquita como uma das facilitadoras da prática do crime. "A exacerbação da violência não é um fenômeno só brasileiro, acontece na América Latina e mesmo nos EUA. A média de homicídios em Chicago é das mais altas do mundo", diz Mesquita. Periferia Paulo Sergio Pinheiro, coordenador do Núcleo de Estudos da Violência da USP, concorda com Mesquita. "A violência afeta as populações periféricas em todo o mundo, não é uma exclusividade de São Paulo. O lugar da vitimização e exclusão social é o lugar da violência." Para o sociólogo, enquanto a impunidade permitir a existência do arbítrio policial e do crime organizado, os homicídos continuarão em patamares elevados. Levantamento feito no ano passado mostrou que os assassinatos na cidade de São Paulo se concentram nos bairros periféricos, principalmente nas zonas sul e leste. O Jardim Ângela (zona sul), por exemplo, é o distrito onde acontece o maior número de homicídios na faixa dos 15 aos 24 anos. Em 1984 foram 83 -uma taxa de 222 mortes por grupo de 100 mil habitantes. Mais do que o dobro da média da cidade. Texto Anterior: Saiba quando e do que morre o paulistano Próximo Texto: Advogado levou tiro em festa Índice |
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