São Paulo, domingo, 21 de julho de 1996
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Particular tem menos mestres e doutores

FERNANDO ROSSETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Não é puro preconceito a idéia de que o ensino oferecido em instituições particulares de ensino superior é pior do que o das públicas.
Enquanto mais de 55% dos docentes de universidades federais têm mestrado ou doutorado, no setor privado essa taxa cai para 25% (veja quadro ao lado).
"A chave da questão hoje é a formação dos recursos humanos", afirma o presidente do Semesp (sindicato de faculdades particulares de São Paulo), Gabriel Rodrigues. "Antes, o aluno buscava apenas o diploma. Agora não, ele precisa buscar a instituição que dá a melhor formação", diz.
"O que deveria haver em cada faculdade ou universidade particular é um projeto institucional", defende o presidente da ABM (Associação Brasileira de Mantenedoras), Edson Franco.
"Projeto institucional é coisa para pelo menos dez anos, que marca a universidade, envolve todo mundo em uma microutopia. É isso que trará um avanço muito grande na qualificação docente."
Custos elevados
O problema de qualificar o corpo docente é o preço. Nas universidades públicas, onde boa parte dos professores é contratada em tempo integral, além de receberem bolsas de pós os docentes têm remuneração para pesquisa.
Nas instituições particulares, a maioria dos docentes é contratada por hora gasta em sala de aula.
"Chegamos no limite que a nossa clientela pode pagar. Não dá para aumentar mais as mensalidades", diz Rodrigues, do Semesp.
"Meu sonho é criar, entre as instituições particulares, junto com a ABM, uma espécie de Capes privada", diz Edson Franco. A Capes é o órgão do MEC que paga bolsas para professores fazerem a pós.
A solução mais usada para resolver o problema é, no lugar de qualificar o próprio corpo docente, contratar mestres e doutores formados em universidades públicas.
O vaivém da reforma da Previdência também está causando uma grande oferta de professores aposentados altamente qualificados -caso do ex-reitor da USP.
Mas, apesar das novas exigências do ensino superior, este ano um lobby liderado pelo senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) derrubou do projeto de Lei de Diretrizes e Bases da Educação a exigência de que, em oito anos, todas as universidades deveriam ter pelo menos 51% dos professores com mestrado ou doutorado.
(FR)

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