São Paulo, domingo, 21 de julho de 1996
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Sex & money

MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
ENVIADO ESPECIAL A ATLANTA

Dinheiro é o nome do jogo. O "hot money" de Hotlanta: os países, aqui, são apenas os testas-de-ferro.
Bandeiras e hinos nacionais são a face simbólica decadente, mas ainda útil, desse mundo ascendente da globalização.
O mundo das corporações transnacionais, que disputam entre si o verdadeiro ouro olímpico.
Quem vai ganhar mais?
A Coca-Cola que patrocina o futebol do Brasil e o arco e flecha da Conchinchina ou a Reebok, que tem sua marca defendida por 49 países, contra 44 da Nike e 35 da Mizuno?
A última Olimpíada do "novecento" é a apoteose da competitividade, da tecnologia, da disciplina, da saúde.
Lema: "Don't smoke, make money".
*
Mas nem tudo dá certo na terra do pêssego.
Os computadores não têm as informações de que se precisa, o trânsito é um inferno para uma cidade tão pequena e os voluntários da pátria que trabalham para a organização da Olimpíada são, em geral, muito simpáticos, mas incompetentes.
O Rio, pensando bem, tem boas chances.
*
Fuço a Internet e descubro um endereço divertidíssimo: "Get Ready For The Summer Olympics - Sex in Georgia" (prepapare-se para a Olimpíada - sexo na Geórgia).
Anote o endereço: http://steam.creative.net/Georgia.html.
É uma coleção de mensagens, enviadas por usuários, entregando os lugares de maior "atividade" na região -em geral, gays.
Exemplo: "Loja de Departamento Rich, no Lenox Mall: banheiro masculino do segundo andar, atrás da seção de lingerie. Melhor quando o movimento está fraco. Três cabines, sem buraco para espiar." Pode?
*
O suposto Jardins do local é Buckhead.
Faço uma tentativa e, no primeiro bar, uma horda brasileira entoa "ê baiana, baianinha".
Meia volta.
Depois um restaurante decente, com gente normal.
O que não é normal é a incapacidade absoluta de um garçom entender que uma bola de sorvete não são três.
Por mais que se implore por pouco, vem sempre muito.
Tudo bem, ganha-se dinheiro, depois, com a indústria do diet.
Hipocrisia tem limite. Clinton chorando ao som do sonho de Luther King na madrugada de ontem, durante a cerimônia de abertura, foi "too much".

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