São Paulo, domingo, 21 de julho de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Patrícia Pillar tem seu momento de Cinderela rural em 'O Rei do Gado'

ELAINE GUERINI
DA REPORTAGEM LOCAL

Nos próximos capítulos de "O Rei do Gado", da Rede Globo, Patrícia Pillar, 32, abandona o vestido surrado e o serviço doméstico para encarnar uma versão rural de Cinderela.
Luana, a personagem vivida pela atriz, conquista de uma vez o coração do fazendeiro Bruno Mezenga (Antônio Fagundes) e assume o posto de mulher do patrão -com direito a um merecido banho de loja.
"Um caso de amor entre uma bóia-fria e um dono de terras dificilmente aconteceria fora da ficção", afirma a atriz que, antes de iniciar as gravações da novela, conviveu por dez dias com trabalhadoras rurais em uma plantação de cana no interior de SP.
Patrícia se inspirou no jeito de andar e de gesticular dessas mulheres para compor sua personagem. "Mas o realismo termina aí. Não estamos fazendo um documentário", diz, referindo-se a cobranças que tem sofrido por interpretar Luana.
"Traição"
José Rainha Jr., um dos líderes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra), disse recentemente à Folha que o envolvimento de Luana com Bruno Mezenga seria considerado uma "traição" na vida real.
"Só o fato de o autor (Benedito Ruy Barbosa) abordar a questão da reforma agrária é um ponto positivo, um canal de discussão. O elenco não está se inspirando em personalidades e nem pretende tomar partido", conta ela.
Pesadelo
A atriz revela que, mesmo sob os cuidados do fazendeiro, Luana ainda passa por maus pedaços. "Ela é uma mulher lutadora, que se fortaleceu com o sofrimento. Mas, no fundo, ainda é uma jovem romântica e muito sensível."
Seus dias de Cinderela acabam se tornam um pesadelo quando começa a ser ridicularizada por Marcos (Fábio Assunção) e Lia (Lavínia Vlasak), filhos de Bruno, e até pelos empregados de sua casa em Ribeirão Preto.
O fazendeiro cobre Luana de presentes caros, mas ela não consegue ficar à vontade no posto de dona da casa -Bruno vai apresentá-la como a nova "patroa" no capítulo desta quarta-feira.
"Bruno tenta deixá-la mais bonita, levando-a ao cabeleireiro e ao shopping center para comprar roupas. Mas Luana não consegue esconder sua origem, começando pelo seu jeito de falar", diz a atriz.
Essa é a segunda personagem humilde que Patrícia interpreta em novelas da Globo. A primeira foi Aldeíde, a empregada doméstica que fisgou Maurício Mattar em "Rainha da Sucata" (1990).
"Pensei em dar um tempo nas novelas. Só aceitei fazer o papel de Luana porque sempre quis viver uma mulher do campo. Estava cansada de tipos urbanos", afirma.
Dondoca
Seu papel mais marcante foi o da dondoca Eliane que se envolve com um jagunço em "Renascer" (1993) -mais uma novela de Benedito Ruy Barbosa e do diretor Luiz Fernando Carvalho (a dupla de "O Rei do Gado").
Depois de "Renascer", Patrícia fez apenas uma participação especial na novela "Pátria Minha" (1994), formando um típico casal de classe média com o ator José Mayer.
Em 1995, a atriz preferiu se dedicar ao cinema. Filmou "O Menino Maluquinho", "O Monge e a Filha do Carrasco" e "O Quatrilho", que concorreu ao Oscar de melhor produção estrangeira neste ano.
Desgaste
"O problema da novela é a duração. O ator dedica um ano de sua vida a um personagem. É muito desgastante", diz. Patrícia reconhece que a qualidade de uma obra mais curta é geralmente superior -o que vale para a novela "O Rei do Gado", que foi dividida em duas fases.
"Enquanto a produção demorou 50 dias para fazer os seis primeiros capítulos, nós fazemos seis capítulos por semana. A diferença é brutal", afirma.

Texto Anterior: Repórteres mostram o lado divertido dos Jogos
Próximo Texto: Mulheres da 2ª fase são mal-amadas
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.