São Paulo, segunda-feira, 22 de julho de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Só aperto salva contas, diz estudo

DA REPORTAGEM LOCAL

A redução do déficit nas contas do governo federal, neste ano e no próximo, não depende das reformas constitucionais, mas do aperto nos gastos com pessoal e Previdência e da queda da taxa de juros.
E, mesmo que isso seja feito, só haverá redução substancial no déficit público nas contas de 1997. Para este ano, o déficit ainda será influenciado por gastos de 1995.
Essas são as conclusões do economista Raul Velloso, depois de uma revisão das contas públicas.
A primeira questão-chave para 1996, segundo ele, é a seguinte: os reajustes dos salários do funcionalismo e do salário mínimo têm de ficar abaixo do crescimento nominal da receita, previsto para 16%.
Isso porque a despesa com pessoal (funcionários e inativos) representa hoje cerca de 38% da receita líquida do governo federal, descontadas, portanto, as transferências a Estados e municípios.
Assim, despesas com pessoal, benefícios e seguro-desemprego somam 76% da receita líquida. Se essas despesas crescerem proporcionalmente menos que a receita, haverá saldo maior.
No ano passado, a receita líquida do governo federal foi de R$ 93,9 bilhões (em valores de junho de 95). As despesas com pessoal, benefícios e seguro-desemprego somaram R$ 71,2 bilhões. Se houver um ganho de 17% na receita líquida, ela passa a R$ 109,8 bilhões.
No lado das despesas, o salário mínimo teve reajuste de 12%, o que dará um gasto adicional de R$ 2,5 bilhões nas despesas com benefícios e seguro-desemprego.
E, até aqui, não houve aumento para o funcionalismo. Mesmo que saia, por exemplo, 10% ainda este mês, por razões eleitorais, o impacto seria de R$ 1,5 bilhão.
Assim, as despesas de pessoal, benefícios e seguro teriam um aumento de R$ 4 bilhões, bem menor do que o ganho esperado na receita líquida, de R$ 15,9 bilhões.
Mantidas constantes, neste ano, as demais despesas (gastos com saúde e manutenção da máquina administrativa), o governo federal conseguiria um superávit no conceito primário superior ao de 1995.

Texto Anterior: Política guia uso do banco
Próximo Texto: Aumento a servidor prejudica resultados
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.