São Paulo, segunda-feira, 22 de julho de 1996
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Flexa é primeiro brasileiro eliminado da competição

EDGARD ALVES
ENVIADO ESPECIAL A

Uma chave-de-braço colocou para fora da Olimpíada o primeiro atleta da delegação brasileira: o judoca Frederico Flexa, 32, da categoria peso-pesado (mais de 95 kg).
A participação dele nos Jogos de Atlanta foi rápida. Durou menos de quatro minutos, no sábado, quando começaram as disputas dos Jogos Olímpicos em várias modalidades.
Flexa ganhou do tailandês Pita Kampita, sem dificuldades, e, na segunda luta, logo foi imobilizado, no chão, pelo russo S. Kosorotov.
"É lógico que estou aborrecido. Basta uma vacilada e estou fora da competição, embora isso seja normal no judô", afirmou Flexa.
A luta foi limpa. O brasileiro lembrou que perdeu para um vice-campeão mundial.
"Eu sabia que ele (o russo Kosorotov) era forte no jogo de solo. Fomos ao chão e ele conseguiu encaixar bem uma chave-de-braço."
Apoio moral
Apesar de eliminado, Flexa vai continuar com a equipe de judô, que está concentrada em Macon, até o término do torneio.
"Vamos incentivar os companheiros que ainda vão lutar. Fico à disposição para servir de sparring nos treinamentos", declarou.
Para chegar a Atlanta, o judoca afirmou ter treinado durante quase dois anos. Primeiro se preparou para conquistar a vaga na delegação brasileira. Depois, atuou normalmente nas competições intermediárias, como os torneios regionais brasileiros. Também viajou para competir na Europa.
"Nesses últimos tempos, creio ter ficado uns dez meses viajando", recordou o judoca, que é casado e tem um filho.
Apesar do sacrifício dos treinamentos -vinha treinando, em média, de seis a sete horas por dia- e do golpe do russo (chave de braço) que o tirou da Olimpíada, Flexa declarou que não tem de que se arrepender.
"Só o fato de ter lutado na Olimpíada já é importante. Os melhores do mundo estavam na competição e você era um deles. De tudo se tira proveito na vida, tanto da vitória como da derrota", disse.
Vida continua
Professor de judô, Flexa pretende voltar logo para dar sequência ao trabalho com crianças em uma academia do Rio e para cuidar melhor de sua confecção de roupas.
"Minha mulher, que é professora de educação física, incentiva minha carreira. A gente tem uma vida simples, mas não tenho do que me queixar", afirmou.
Sem revelar números, Flexa ressaltou que tem o apoio de um patrocinador, o Clube Jardim Guanabara, no Rio.
Carioca de nascimento, ele iniciou sua vida de judoca aos 10 anos, na AABB-Tijuca, no Rio.
"A vantagem é que gosto do que faço. O negócio é treinar cada vez mais na tentativa de melhorar para a luta seguinte", afirmou o judoca, de 125 kg e 1,90 m de altura.
Esta foi a terceira vez que Flexa participou dos Jogos Olímpicos.
Em Los Angeles-84 ele também foi eliminado na primeira fase. Quatro anos depois, em Seul, caiu nas oitavas-de-final.
Entre suas conquistas mais destacadas estão as medalhas de prata obtidas nos Jogos Pan-Americanos de Caracas-83 e Indianápolis-87.

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