São Paulo, segunda-feira, 22 de julho de 1996
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País é 'lanterninha' no turismo receptivo

SILVIO CIOFFI
DA REDAÇÃO

"No setor de viagens e turismo, o Brasil não corresponde ao posto de maior economia e PIB da América do Sul."
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"A chegada de turistas não corresponde a 15% do total do continente."
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Entre 1983 e 1993, nosso crescimento com a atividade foi menor do que o do Chile, Argentina, Bolívia e até mesmo da Guiana."
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As conclusões acima, publicadas no jornal da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav) do Rio de Janeiro, utilizam como fonte a Organização Mundial de Turismo (OMT) e mostram como o Brasil vem perdendo a oportunidade de se tornar um destino turístico importante para estrangeiros.
Para Antonio Carlos de Castro Neves, 56, presidente da Abav-Rio, o quadro está melhorando, mas é preciso mudar no exterior a imagem de país violento.
"O Brasil recebe menos turistas do que o Uruguai ou Jamaica, isso porque nenhum governante -e falo dos níveis federal, estadual e municipal- descobriu que o turismo é uma fonte de receita, talvez a maior delas."
Último da lista
Entre 1986 e 1994, de dez países sul-americanos analisados pela OMT, o Brasil foi o que teve crescimento menor (veja arte ao lado), em torno de 0,4%, bem longe dos 16,3% registrados pelo Chile.
Até mesmo a Colômbia, que também tem sua imagem internacional associada à violência, cresceu 3% no período.
"O Brasil tem cinco ecologias diferentes, mas não existe o desejo político de fazer do turismo brasileiro uma indústria sem chaminés", diz Castro Neves.
O presidente da Abav-Rio afirma ainda que o setor dá retornos rápidos. "É também a indústria mais democrática, pois beneficia desde o garoto que vende mate na praia, até o garçom do restaurante, a arrumadeira do hotel, o piloto do avião, gerando uma enorme diversificação", declara.
Depois de um período de desempenho decrescente entre 1986 e 1994 (veja quadro ao lado), o Brasil teve uma melhora discreta no ano passado, quando recebeu cerca de 2 milhões de turistas estrangeiros.
Ainda assim, a marca é uma das mais insignificantes de todo o mundo, menor até mesmo do que a alcançada por Cancún.
Apenas esse balneário de pouco mais de duas décadas no Caribe mexicano recebe hoje cerca de 2,5 milhões de turistas anualmente.

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