São Paulo, terça-feira, 23 de julho de 1996
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BC alemão mostra como intervém

FRANCISCO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

O representante do Deutsche Bundesbank -o Banco Central da Alemanha- para a América Latina, Matthias Arzbach, disse ontem, no Rio, que é importante para a autoridade monetária do seu país que os grandes bancos comerciais alemães não saibam como ele agiria caso houvesse um caso de insolvência entre eles.
Segundo Arzbach, não há na história recente da Alemanha caso de insolvência de grande banco. Por isso, segundo ele, o Bundesbank não tem experiência de como lidar com esse problema, embora, em teoria, ele possa deixar que o banco quebre, sem prejuízo para o sistema de pagamentos do país.
"O bom é que os bancos também não têm experiência com isso, e não podem calcular a atuação do Banco Central da Alemanha em uma situação como essa. Isso é muito importante para nós porque se o Banco Central é calculável para os bancos comerciais, às vezes isso cria problemas."
Ao ser perguntado o que ele achava de casos em que existe um programa específico para socorrer os bancos em dificuldades, Arzbach disse que não falaria sobre o assunto, mesmo não tendo sido mencionado diretamente o Proer.
O representante do Bundesbank, que tem escritório em Buenos Aires, participa hoje, às 14h, de um seminário no Banco Central do Brasil, em Brasília. Ontem, na Andima (Associação Nacional das Instituições do Mercado Aberto), disse que o BC alemão não tem esquema de refinanciamento para bancos em insolvência.
Segundo ele, o refinanciamento alemão é feito em três modalidades: via redesconto, com taxas baratas (2,5% ao ano) e que todos os bancos utilizam; via mercado de capitais; ou pelo sistema chamado de "crédito lombardo".
Este último, de acordo com Arzbach, é feito a "taxas punitivas" e é destinado a refinanciar bancos com problemas de liquidez (falta de dinheiro para fechar suas operações) temporária.
Acima desse limite, Arzbach disse que o banco comercial alemão tem de fechar. Segundo ele, o sistema de seguro de depósitos assimila a falência de bancos menores.
A Alemanha tem hoje 3.700 bancos e, de acordo com Arzbach, há anualmente uma média de 50 fusões e incorporações e de dois casos de fechamento. Os diretores do BC, embora escolhidos pelo governo, tem mandato de oito anos e não podem ser demitidos.
Ele disse que a independência do Bundesbank é calçada mais na confiança que a população deposita nele que na lei. Seria suicídio político um governante interferir no funcionamento do banco, disse.

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