São Paulo, terça-feira, 23 de julho de 1996
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Espionagem fracassa na estréia

MARCELO DAMATO; MÁRIO MAGALHÃES
DOS ENVIADOS A MIAMI

A espionagem brasileira fracassou na preparação para o jogo contra o Japão. Já os adversários mostraram competência.
O observador Jairo dos Santos não viu nenhum treino ou jogo dos japoneses na preparação.
Na vez em que chegou mais perto, ficou a dezenas de metros do campo onde se enfrentaram Japão e México na semana passada, em Orlando (EUA). Disse que foi barrado por não ter se credenciado.
Para fazer seu relatório, assistiu a uma gravação do jogo, feita por uma TV brasileira. E não ficou impressionado com o que viu.
"O melhor japonês é inferior aos nossos jogadores", disse.
No dia seguinte, o técnico Mario Zagallo assistiu ao mesmo videoteipe. Não teve paciência nem para ver a fita inteira.
A partir de certo momento, passou a ver as imagens em câmara rápida, alegando que tinha compromissos. "Espionagem não ganha jogo", disse depois.
Por isso, os seus jogadores nada sabiam sobre o Japão. E também não se mostraram preocupados. "De japonês, só conheço minha japonesa", disse na sexta-feira o agora reserva Amaral.
Prancheta
A preparação japonesa foi oposta. O técnico Akira Nishino esteve no Torneio Pré-Olímpico sul-americano. Ficou em Tandil, onde jogou o Brasil. De prancheta na mão, assistiu a todos os dez jogos do grupo e aos da fase decisiva.
Na entrevista após o jogo, disse que conhecia bem cada atleta brasileiro e que por isso fez marcação individual sobre alguns.
Na última semana, o espião japonês foi Hideki Matsunaga, membro da comissão técnica.
Viu o jogo contra o combinado da Fifa e todos os treinos na Barry University, em Miami.
Matsunaga entrou, porque tinha credencial de jornalista. Como usava a mesma roupa -bermuda e camiseta pólo- que os profissionais, não despertou atenção.
Bem diferente, por exemplo, foi a atuação de Santos no Pré-Olímpico. Careca, usando óculos e casaco de couro, portando câmera de vídeo, máquina fotográfica e gravador, o espião brasileiro era conhecido das comissões técnicas dos times que deveria observar.
(MARCELO DAMATO e MÁRIO MAGALHÃES)

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