São Paulo, quarta-feira, 24 de julho de 1996
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Vírus 'primo' do HIV é debatido em SP

Congresso alerta para riscos do HTLV

DA REPORTAGEM LOCAL

Especialistas brasileiros, norte-americanos e japoneses debatem a partir de hoje em São Paulo os riscos e a prevenção do HTLV, um vírus "primo" do HIV capaz de provocar leucemias, paralisias e doenças que podem levar à morte.
O encontro, que vai até sexta-feira, foi batizado de 1º Congresso Nipo-Brasileiro de HIV-HTLV por contar com a participação de universidades japonesas. O HTLV é endêmico em algumas regiões do Japão e está presente em todo o mundo.
Uma pesquisa do professor Ricardo Veronese, da Universidade de Mogi das Cruzes e coordenador do congresso, revelou que 13% dos imigrantes japoneses da província de Okinawa -moradores na Grande São Paulo- eram portadores do vírus.
Um levantamento da Fundação Pró-Sangue Hemocentro de São Paulo mostrou que 0,17% dos doadores de sangue no Estado de São Paulo tinha o HTLV.
O vírus se transmite da mesma forma que o HIV -pelo sangue e por relações sexuais e aleitamento.
Mas a doença se manifesta em apenas 3% dos portadores, o que significa que a grande maioria não sabe que tem o vírus.
Só em 1993, o professor Dalton Chamone, presidente da Fundação Pró-Sangue, conseguiu tornar obrigatório por lei testes de HTLV nos bancos de sangue do país. Chamone, presidente de honra do congresso nipo-brasileiro, participa da abertura hoje ao lado de Veronese e de Fernando Proença de Gouveia, que representará o ministro Adib Jatene.
Além do HTLV, o congresso debaterá estudos norte-americanos que mostram a eficácia da utilização dos inibidores de protease no combate ao HIV. A atriz Sandra Bréia, que vem usando a nova droga, dará seu depoimento.
Também será debatida a "imunoterapia passiva", em estudo na Fundação Pró-Sangue e vários centros médicos da Europa e EUA. A terapia consiste na transfusão de anticorpos de portadores sadios do vírus para doentes de Aids.

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