São Paulo, quarta-feira, 24 de julho de 1996
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Olimpíada de Atlanta não merece medalha

BARBARA GANCIA
COLUNISTA DA FOLHA

Não bastasse ter perpetrado a abertura mais careta e brega da história da Olimpíada moderna, Atlanta está batendo recordes também no quesito logística. Os terminais de computador de seu centro de imprensa fornecem todo tipo de informação, menos os tempos e as colocações dos atletas.
E as filas, até para subir na escada rolante, que a TV mostrou? Deus me livre e guarde!
A melhor maneira de se acompanhar a Olimpíada é no sofá de casa, de aquecedor ligado, cobertor e tigela de pipoca microondas. Mais olímpico do que isso, impossível. Ah! Ia me esquecendo da Coca litro para tomar depois da pipoca, uma homenagem à Atlanta, sede mundial da Coca-Cola. Sede também da rede CNN e palco de "...E O Vento Levou". E, a julgar pelas reclamações feitas por Fátima Bernardes no "Jornal Hoje" de ontem, sobre o caos na transmissão das competições, periga os jornalistas da Globo imitarem aquela famosa cena de "...E O Vento Levou" e tacarem fogo na cidade da Scarlett O'Hara. Dá-lhe Paulo Henrique Amorim! Pega a tocha olímpica e manda ver!
Mas não é só de Atlanta que os tapuias estão reclamando, não, viu, Jimmy Carter? Segundo o serviço do "The New York Times" na Internet, de férias em Miami, o turista carioca Jorge Coelho, 44, declarou a um jornal local que não gostou do crime na Flórida.
Tudo bem, a gente está cansada de saber que existe o maior lobby para trazer a Olimpíada de 2004 para o Rio de Janeiro. Mas pode turista carioca fazer pouco da violência da Flórida?
Será que ele sentiu falta da troca de tiros entre traficantes e policiais? Ou achou os bandidos da Flórida fracos na modalidade sequestro?
E não é só o Amaral que é chegado em japonesa. Uma leitora que mora em Miami me envia e-mail dizendo que a melhor parte de Brasil e Japão, que ela assistiu no Orange Bowl, foi a hora que a torcida brasileira colocou os japoneses para requebrar. A japonezada sambando na arquibancada e a gente dançando no campo... Romário, cadê você?
Mas não faz mal. Lugar de futebol é na Copa. Olimpíada é decatlo, ginástica, natação. E, na natação, Gustavo Borges, com perdão do trocadilho, deu um banho de fair play ao abraçar o Popov na chegada dos 100 m. Já estou trocando dois Edmundos por um Gustavo...

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