São Paulo, quarta-feira, 24 de julho de 1996
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Verdades e mentiras

THALES DE MENEZES

O austríaco Thomas Muster sempre cumpre bem a função de entrevistado. Suas declarações são pertinentes e, quase sempre, cheias de humor.
Agora, quando o assunto é Olimpíada, o "rei do saibro" volta a botar a boca no trombone. E fala aquilo que muito tenista não tem coragem de dizer.
Para Muster, os profissionais da ATP não deveriam participar dos Jogos. E o tenista usa um argumento diferente dos que são discutidos nesse caso. Segundo ele, "não há ambiente para os tenistas em Atlanta".
"Os Jogos reúnem atletas do mundo todo e, me desculpem, a maioria deles é bem pobre", disse Muster a uma TV alemã.
"São pessoas acostumadas a dividir beliche com outros atletas e esperar na fila do refeitório da Vila Olímpica. Sinto muito, mas eu ganho US$ 2 milhões por ano", sentenciou.
Deixando a arrogância do austríaco de lado, Muster tem um mérito: dizer o que pensa.
Isso ganha destaque porque o grande assunto da imprensa tenística ontem foi uma revelação inesperada: Pete Sampras está treinando forte na Flórida.
O atual nº 1 do mundo renunciou à Olimpíada na semana passada, alegando uma contusão no tendão de Aquiles.
No entanto, ontem Sampras treinou por quatro horas na academia de Harold Solomon.
Na verdade, Sampras deve estar muito preocupado com a disputa do US Open, no final do próximo mês. Afinal, este ano o líder do ranking mundial já fracassou nos três torneios do Grand Slam já disputados.
Ser eliminado no Aberto da França, que é jogado no saibro, até que passa. Mas as derrotas na Austrália e em Wimbledon, para Mark Philippoussis e Richard Krajicek, repectivamente, foram desastrosas.
Por isso, vencer o US Open é uma questão de honra para Sampras. Mas vale a pena enganar os torcedores e fingir contusão para escapar de Atlanta?
Pegou mal.

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