São Paulo, quarta-feira, 24 de julho de 1996
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Broche olímpico atrai multidão

MAURICIO STYCER
DO ENVIADO ESPECIAL A ATLANTA

O técnico em computação Robert Ayala deixou a Califórnia para passar 20 dias em Atlanta durante os Jogos Olímpicos, mas não vai assistir a uma competição sequer. "Vim para 'trocar pins', o melhor esporte que existe", diz.
Ayala está gastando US$ 3.000, entre avião, hotel, carro alugado e alimentação, para passar o dia no Parque Centenário, em Atlanta, trocando alguns dos 2.000 pins (broches de metal) que trouxe.
Em sua casa, Ayala deixou outros 13 mil pins. "Só trouxe os que admito trocar", diz, enunciando uma das regras fundamentais dessa mania norte-americana.
Os pins são pequenos broches com alguma inscrição -a maioria alusiva aos Jogos Olímpicos. Os mais procurados são os de Olimpíadas passadas.
Para atender fanáticos como Ayala, a Coca-Cola montou um centro de venda e troca de pins dentro do Parque Centenário, no coração de Atlanta. A expectativa é que cerca de 850 mil pessoas passem pelo local durante os Jogos.
Diariamente, há fila para entrar no centro. Lá dentro, os maiores colecionadores expõem os seus pins e propõem trocas.
Fora do centro da Cola, outros colecionadores exibem os seus broches embaixo de árvores, em banquinhos, em qualquer lugar.
Vício
"Sou viciado. Ontem fiquei até as 2h da manhã", diz Charles Gibson, que mostra os seus 3.000 pins sobre uma lata de lixo e se protege do calor com um guarda-sol.
"Tenho mais de 5.000 pins. Minha especialidade são os pins de meios de comunicação", diz Donna Arnott, que também veio de Los Angeles só para trocar pins.
"Uma vez paguei US$ 400 por um da rede de TV ABC comemorativo dos Jogos Olímpicos de 68. Mas, mesmo quando se negocia, é fundamental se divertir", afirma.
Para expor os seus broches, muitos usam bonés e coletes. Sondra Pritchard, por exemplo, exibe sua coleção de 180 pins na blusa.
"É muito divertido. Nunca conversei com tanta gente, de tantos países diferentes", diz Sondra, cuja filha a ajuda a se locomover numa cadeira de rodas.
Todas as idades
A mania por pins seduz velhos e crianças. "Já tenho sete pins", diz, orgulhoso, Luke Green, de 7 anos. "Ele começou a coleção há duas horas", diz a mãe, Angela.
Existe até um jornalzinho, "The Daily Pin", da Associação dos Colecionadores de Suvenires Olímpicos, que traz diariamente uma relação com os pins mais disputados pelos que são do ramo.
Ontem, o pin número um era o do Comitê Olímpico da Tailândia -um elefante dourado adornado por cinco anéis olímpicos.

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