São Paulo, quarta-feira, 24 de julho de 1996
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Cultura nerd inibe a presença feminina

DO "USA TODAY"

As mulheres estão deixando de aproveitar algumas das carreiras com maiores oportunidades.
Até o ano 2005, está previsto um aumento de mais de 90% no número de engenheiros de computação e analistas de sistemas.
Os recém-formados em engenharia e informática recebem quatro ou mais ofertas de trabalho, frequentemente com salários anuais de US$ 40 mil a US$ 50 mil.
Se a falta de mulheres na indústria de alta tecnologia limitar seu crescimento, então impõe limites à economia como um todo.
Desânimo
O problema não tem solução fácil à vista. Mesmo hoje, quando a presença de mulheres em áreas como medicina e direito é grande, elas ainda são incentivadas a manter distância da tecnologia em cada etapa de suas vidas, do primário à universidade.
Nicolette Martin, gerente de tecnologia na 3Com, explica, brincando, que existe uma solução rápida. "Precisamos de um seriado na TV protagonizado por uma belíssima e anoréxica engenheira de software", diz ela. "As garotas vão querer ser como ela."
Sem discriminação
A indústria quer que todos saibam que não faz discriminação.
"Quer sejam homens, mulheres ou macacos, se tiverem as qualificações necessárias corremos para pegá-los", diz Sheldon Laube, fundador da US Web, que atua na Internet. "Quem precisa desesperadamente de pessoas qualificadas não discrimina ninguém."
Então, o que está afastando as mulheres da tecnologia?
"O ritmo do trabalho é intenso e está cada vez mais incompatível com a vida familiar", diz Eric Benhamou, executivo-chefe da 3Com. "As mulheres são obrigadas a fazer opções difíceis. Se não puderem dar conta do trabalho, escolheremos quem pode. Não escolhemos funcionários por sexo, cor da pele ou língua que falam. Pesamos apenas a contribuição que podem dar à empresa."
"O outro grande problema pode ser resumido como: Será que quero passar o resto de minha vida com essas pessoas?", diz Susan Kemnitzer, vice-diretora de ensino de engenharia na Fundação Nacional de Ciências.
Cultura nerd
A imagem convencional que se tem do especialista em informática é a de um nerd mal vestido, branquelo, mais à vontade com um PC do que com uma pessoa. É um estereótipo, mas não inteiramente destituído de fundamento.
"A cultura que cerca a computação é um pouco hostil às relações humanas", diz o professor Roberts, de Stanford, "e isso desencoraja as mulheres."
Empresas como Hewlett-Packard e Texas Instruments tentam mudar essa situação.
Operam programas visando encontrar e contratar mais mulheres. Ambas se esforçam para reduzir o fator nerd e romper a cultura que valoriza o número de horas passadas no escritório.
Essas empresas também buscam criar um ambiente que valoriza a família, promovendo piqueniques para funcionários com suas famílias e deixando que pais e mães trabalhem em casa quando seus filhos estão doentes.

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