São Paulo, quarta-feira, 24 de julho de 1996
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Israel e palestinos retomam diálogo

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Iasser Arafat, demonstrou otimismo ontem após seu primeiro encontro com um membro do governo de direita de Israel, o chanceler David Levy.
O encontro, que marcou o reinício das negociações entre os dois grupos, aconteceu no posto fronteiriço de Erez, entre a faixa de Gaza (território palestino) e Israel.
Como era esperado, houve poucas decisões práticas, mas um assessor do palestino disse que foi praticamente acertado um encontro entre o premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, e Arafat.
"Concordamos em continuar esses contatos em todos os níveis, para assim levar o processo de paz adiante", disse Arafat após o encontro.
A reunião, de 90 minutos, foi amistosa. Em frente à imprensa, Arafat e Levy se abraçaram e trocaram sorrisos. A sós, segundo Arafat, "o clima foi ótimo".
"Houve uma química imediata entre eles", disse um porta-voz da Organização para a Libertação da Palestina, o grupo de Arafat.
"Decidimos formalizar nossas relações e criar os mecanismos para examinar as questões e avançar em relação a elas", disse Levy.
O chanceler aceitou libertar, nos próximos dias, todas as prisioneiras palestinas sob guarda israelense. Entre elas está a brasileira Lamia Maruf, condenada pela participação no sequestro, seguido de morte, de um soldado israelense.
Eles decidiram ainda renovar o mandato, que vence dia 12, dos observadores internacionais em Hebron. Essa é a última cidade importante da Cisjordânia que ainda está sob administração israelense.
Em março, ainda sob o governo trabalhista de Shimon Peres, Israel adiou a retirada da cidade. O novo premiê, que se elegeu prometendo restringir as negociações de paz, não fixou nova data para a devolução, prevista no acordo de paz entre palestinos e israelenses.
Acusações
As autoridades palestinas divulgaram uma lista de 33 supostas violações do acordo de paz.
As principais queixas são as expansões dos assentamentos judeus na Cisjordânia e o bloqueio de áreas palestinas por Israel.
O governo de Israel respondeu relacionando pontos do acordo que, considera, os palestinos não cumprem. Entre os pontos mencionados estão falhas no combate ao terrorismo islâmico e atividades políticas dentro de Jerusalém.
Esse é o principal atrito entre Israel e a OLP atualmente. Os israelenses consideram Jerusalém sua capital; os palestinos reivindicam a parte leste da cidade para abrigar o governo de um futuro Estado palestino.
Israel ameaça fechar a Casa do Oriente, a sede da OLP em Jerusalém. A OLP diz que as atividades da casa não violam o acordo de paz.
Em um campo de refugiados da Cisjordânia, próximo a Jerusalém, um judeu esfaqueou um borracheiro palestino que se recusou a atendê-lo.

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