São Paulo, quinta-feira, 25 de julho de 1996
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Dobra número de mortes atribuídas ao frio em SP

BETINA BERNARDES
DA REPORTAGEM LOCAL*

Mais dois mendigos foram encontrados mortos ontem em São Paulo, aumentando para 12 o número de mortes atribuídas ao frio desde o início da Operação Inverno, no dia 1º de junho.
Durante os quatro meses da operação no ano passado (junho a setembro), foram seis as mortes atribuídas ao frio na cidade.
Em Vinhedo (85 km a noroeste de SP), um homem ainda não-identificado também foi encontrado morto em uma rua ontem.
A polícia investiga a possibilidade de a morte ter sido provocada pelo frio. Essa é a terceira morte na região que pode ter sido causada pelas baixas temperaturas.
A temperatura mínima ontem na cidade de São Paulo foi de 8,9°C, segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia). A previsão para hoje é de temperaturas oscilando entre 10°C e 18°C.
Eunice Oliveira, 36, foi encontrada morta na avenida Cabo Adão Pereira, em Pirituba (zona norte), às 7h. Ela e cerca de dez indigentes dormiam em tubos de esgoto ainda não-instalados no local.
Havia garrafas de bebida perto dos tubos, mas, segundo o relato dado aos policiais por Márcia de Lima, companheira de Eunice, elas não beberam. Márcia disse que Eunice tinha bronquite.
A outra morte é de um indigente aparentando 35 anos, encontrado em um viaduto próximo ao Masp (região central). Ele estava apenas de calça e camiseta de manga curta, sem documentos.
"O corpo não tem marca de violência. Aparentemente, ele morreu de frio. O problema é que a pessoa acaba bebendo muito, fica entorpecida e hipotérmica", disse o delegado Nelson Camargo Rosa, do 5º DP (Aclimação, centro).
"Não há comprovação de que as mortes do ano passado e as deste ano tenham realmente sido causadas pelo frio", diz Adail Vettorazzo, 61, secretário municipal da Família e Bem-Estar Social.
"Morrem por mês na cidade, durante todo o ano, de 4 a 5 moradores de rua, pelas causas mais diversas. O número de mortos até agora está dentro dessa média."
Levantamento feito em 94 apontava a existência de cerca de 5.000 moradores de rua em São Paulo.
A previsão é que até o fim da Operação Inverno sejam realizados 150 mil atendimentos nos albergues. Em 95, foram 136,9 mil.

* Colaborou a Folha Sudeste

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