São Paulo, quinta-feira, 25 de julho de 1996
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Rivaldo sofre mais críticas

MÁRIO MAGALHÃES; MARCELO DAMATO
DOS ENVIADOS A MIAMI

O meia Rivaldo foi considerado por 23% dos brasileiros presentes anteontem ao Orange Bowl o pior jogador da seleção na partida contra a Hungria.
A pesquisa foi realizada em Miami (Flórida, sul dos EUA) pelo Datafolha.
Só Dida teve desempenho inferior ao de Rivaldo: para 59% dos entrevistados, o goleiro foi o pior da equipe.
Os melhores foram Bebeto (51%) e Juninho (15%).
Rivaldo disse que tem se esforçado para prender menos a bola, a pedido do técnico Zagallo.
Um dos melhores jogadores do país no primeiro semestre, Rivaldo foi contratado neste mês pelo Deportivo la Coruña (Espanha), por US$ 100 mil mensais.
Para o jogador, sua transferência marcou um triunfo social.
(MM e MD)
*
Folha - Você acha que tem jogado mal?
Rivaldo - A equipe toda não mostrou o que podia contra o Japão. Nos 3 a 1 sobre a Hungria, evoluímos.
Folha - Zagallo reafirmou que você prende a bola demais. Você concorda?
Rivaldo - Ele tem conversado comigo. Essa é uma característica minha, mas tenho melhorado.
Folha - Chegar à Olimpíada e ir para um clube da Espanha também é uma vitória social sua?
Rivaldo - Eu me sinto contente porque era pobre, pobre mesmo. Fiz uma força danada para chegar aqui.
Folha - Onde você cresceu?
Rivaldo - Muito pequeno fui para o Jardim Paulista, em Recife, onde até hoje mora minha mãe. Hoje, posso dar o que não tive.
Folha - Dê um exemplo.
Rivaldo - O meu sonho quando criança era ganhar uma bicicleta, mas meu pai, que era datilógrafo, nunca pôde me dar. Fui ter uma bicicleta aos 17 anos, comprada com o meu dinheiro.
Folha - E o que você dá de presente para seu filho?
Rivaldo - Nem comprei brinquedo para o Rivaldinho (1 ano) aqui em Miami porque ele já tem tanta coisa, não sei mais o que dar.
Folha - Você trabalhou na infância e na adolescência?
Rivaldo - Meu pai lutava muito por todos nós. Quando ele morreu, eu tive que ir para a rua vender coxinha, algodão doce.
Folha - Você era um vendedor de talento?
Rivaldo - Não muito, mas eu vendia com os meus irmãos, que eram bons.
Folha - É verdade que você caminhava até três horas para chegar ao treino do Santa Cruz?
Rivaldo - Isso aconteceu algumas vezes, eu não tinha dinheiro para pagar a passagem de ônibus.
Folha - Você já sabe onde vai morar em La Coruña?
Rivaldo - Talvez eu vá para o apartamento onde o Bebeto morava, que é dele. Para isso, o La Coruña, que é o responsável pela minha moradia, tem que acertar um preço com Bebeto.

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