São Paulo, quinta-feira, 25 de julho de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

O Dida deve lembrar-se do Condinho

MATINAS SUZUKI JR.
EDITOR-EXECUTIVO

Meus amigos, meus inimigos, havia um lateral-direito do Barretos, o Condinho, que batia muito. Batia tanto que, antes de começar o jogo, o capitão do time, o experiente volante Zé Maria, virava-se para o Condinho e dizia: "Olhe para mim, eu sou do seu time".
Pois bem, está faltando alguém chegar para o Aldair e pedir para ele falar o mesmo para o Dida: "Olha bem para mim, Dida, eu estou de camisa amarela e jogo no seu time, ok?".
*
Tudo indica que a Nigéria deva ser o adversário mais difícil nesta fase. Não só pelas duas vitórias obtidas pelos africanos contra Hungria e Japão, mas também pela tradição que este país vem formando no futebol.
O jogo da terça contra a Hungria mostrou que a seleção brasileira recuperou-se técnica e taticamente, do meio-campo para frente.
Zé Elias protegeu melhor o setor esquerdo, abrindo espaço para Roberto Carlos avançar mais -as estocadas pela esquerda foram a tônica da primeira hora de jogo, quando os brasileiros se impuseram em campo.
Mas não está equacionado o problema conhecido desde o primeiro testamento da Bíblia: o núcleo central da defesa. Fato que preocupa bastante porque, a partir de hoje, o setor será bem mais solicitado.
*
Outro dia, o Carlos Heitor Cony anotou, na sua coluna da página 2 da Folha, que estava quase desistindo de escrevê-la porque outros colunistas do jornal antecipavam os assuntos que pretendia tratar.
Lembrei-me desta crônica do Cony ao ler, ontem, a coluna do Alberto Helena Jr.
Pois eu havia anotado, para escrever na coluna de hoje, que um dos pontos altos da cobertura televisiva da Olimpíada até agora vinha sendo a narrativa do Álvaro José, da Bandeirantes, nas competições de natação.
Ele consegue um mix dificílimo de narrativa quente e segura com conhecimento técnico e informações retrospectivas dos nadadores e da história da competição.
Em cima da chegada, deu com precisão a colocação dos nadadores brasileiros, antes mesmo da confirmação oficial.
Mas vida de colunista, em dias de excesso de competições, não é fácil. Pois não é que o Helena antecipou, na sua coluna, a minha observação sobre o Álvaro José?
*
Outro narrador que ajuda muito o telespectador é o Milton Leite, da ESPN Brasil, principalmente na transmissão de jogos da Argentina. Como ele acompanha habitualmente o Campeonato Argentino, está familiarizado com os jogadores e com a vida do fut portenho.
Aliadas à sobriedade da sua narrativa, as informações e comentários de Milton Leite que acompanham cada lance permitem ao espectador uma melhor compreensão do jogo que está assistindo.
*
Boa narrativa combinada com informações didáticas sobre a competição que está sendo transmitida é uma fórmula imbatível para a transmissão esportiva na TV.
*
Ainda sobre TV, como observou o Juca Kfouri, também é correta a estratégia do Sportv de procurar a programação alternativa, além de "ancorar" o dia-a-dia da Olimpíada, para quem quer ficar plugado no lance o tempo todo.
*

Texto Anterior: Torcedores acreditam no título
Próximo Texto: Seleção teme nova falha de Dida
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.