São Paulo, sexta-feira, 26 de julho de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Incidência da CPMF está indefinida

PAULO SILVA PINTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Há um risco de que a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) incida sobre aplicações financeiras quando elas forem transferidas para a conta corrente do mesmo titular.
Embora isso não esteja nos planos do governo para a regulamentação da CPMF, a emenda aprovada na quarta-feira permite essa decisão, segundo Edelberto Luiz da Silva, consultor jurídico do Ministério da Saúde.
"A emenda fala de movimentação financeira, o que inclui passar o dinheiro para a aplicação ou tirar dela", disse. Silva é o responsável no Ministério da Saúde por discutir com a área econômica a lei de regulamentação da CPMF.
Ele afirmou que o governo vai optar por uma alíquota zero para essas operações, contando com a arrecadação de R$ 4,8 bilhões anuais. A Receita estima que a arrecadação chegará a R$ 5 bilhões.
Se essa previsão não se confirmar, o governo federal poderá buscar mais recursos taxando as aplicações.
Alíquotas
As alíquotas poderão ser menores que 0,2%, incidindo sobre parte das aplicações e deixando outras de fora para não abalar o mercado financeiro.
O Ministério da Saúde não vai perder dinheiro com as isenções negociadas pelo governo para garantir a aprovação da CPMF na Câmara dos Deputados.
O dinheiro não arrecadado vai repercutir no caixa da Previdência Social, que terá de pedir ao Tesouro a compensação.
É o mesmo mecanismo da época em que o IPMF (Imposto Provisório sobre Movimentação Financeira) estava em vigor.
Para os empregados, a isenção vai até três salários mínimos: uma parcela de R$ 336 do salário ou todo ele se for menor do que isso.
É difícil determinar ao banco que deixe de cobrar o imposto sobre R$ 336 de cada salário. A opção será por um desconto na contribuição previdenciária.
Isenções
Para a parcela de três salários mínimos, a contribuição terá um desconto de R$ 0,67. Os aposentados que recebem dez salários ou mais terão a conta mensal engordada em R$ 2,24.
A idéia inicial era liberar todos os aposentados. O ministro da Saúde, Adib Jatene, decidiu, porém, propor o teto de dez salários mínimos para a isenção.
A diferença de arrecadação será mínima, mas o ministro da Saúde avaliou que haveria prejuízo moral para o governo federal se ele isentasse as altas aposentadorias do setor público.
Quem deixar o dinheiro por 90 dias ou mais na poupança também ficará isento da contribuição, assim como as contas da União e os empréstimos sociais (crédito educativo, por exemplo).
O Ministério da Saúde quer o dinheiro depositado semanalmente em sua conta pelos bancos.

Texto Anterior: Resultados da convocação extraordinária
Próximo Texto: Brindeiro quase desmaia em Brasília
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.