São Paulo, sexta-feira, 26 de julho de 1996 |
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Estado vai distribuir 'coquetel' anti-Aids
LUCIA MARTINS
Os inibidores de protease deverão ser fornecidos em um prazo de 45 a 60 dias, segundo afirmou ontem o secretário de Estado da Saúde, José da Silva Guedes. O Estado deve gastar R$ 10 milhões -verba apenas do Orçamento estadual- a mais do que gastava para comprar todos os antivirais. No ano passado, eles custaram R$ 42 milhões. Esse custo geralmente é dividido pelo Estado e pelo governo federal. Ação Os inibidores de protease interferem na última fase da multiplicação do vírus HIV. Combinados com outros antivirais ("coquetel"), eles podem reduzir, num primeiro momento, 90% da quantidade de vírus no organismo de um soropositivo. O Ministério da Saúde estima que haja cerca de 22 mil doentes de Aids em tratamento no Brasil. Desses, 11 mil estão em São Paulo. Segundo o secretário da Saúde, cerca de 3.000 doentes de Aids deverão receber os inibidores de protease este ano. Em maio, a secretaria criou uma comissão para discutir como serão distribuídos esses medicamentos e estabelecer os critérios para saber quem vai recebê-los. A comissão, formada por cerca de dez médicos de institutos especializados no tratamento de Aids em São Paulo, deve definir os critérios em 15 dias. Licitação Para comprar os inibidores, a secretaria pretende abrir uma licitação nos próximos quatro dias. Hoje há no mercado três remédios desse tipo: indinavir, saquinavir e ritonavir. A secretaria vai comprar o medicamento do laboratório que oferecer o menor preço. A única cidade no país que fornece esses medicamentos é Santos (SP). Cerca de 200 doentes graves da cidade recebem o coquetel. Segundo o secretário da Saúde, "o Estado está se adiantando na distribuição dos inibidores" porque o ministério também pretende fornecer esses medicamentos. Este ano a previsão de gastos do governo federal com antivirais é de R$ 117 milhões. Segundo Guedes, a secretaria considera importante fornecer remédios para todas as doenças, apesar da elevação dos gastos. Segundo ele, com os R$ 10 milhões -necessários para a compra de medicamentos para cerca de 3.000 doentes- seria possível pagar quase todo o programa de remédios feito pela secretaria em 486 municípios pobres. Esse programa, que atende 6 milhões de pessoas, custa R$ 12 milhões. Texto Anterior: Protesto em Minas deixa cinco feridos Próximo Texto: Possível ação não adiantou compra, diz Guedes Índice |
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